"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, junho 21, 2008

Encobrimento da Natureza Divina do Homem - 03

Masaharu Taniguchi



A SALVAÇÃO PROVÉM DA CONSCIENTIZAÇÃO DA IMAGEM VERDADEIRA

Aquele que crê no homem verdadeiro (Imagem Verdadeira) como ser eterno alcançará a vida eterna, mesmo sem a mediação de um ser manifestado fisicamente (como Jesus Cristo ou Buda) -- esta é a Verdade descoberta pela Seicho-No-Ie.

Todos os seres humanos são manifestação do ser eterno. Não importa se é bom ou ruim o seu aspecto no mundo fenomênico, isso é como a boa ou a má qualidade de uma imagem fotográfica, e o homem verdadeiro (isto é, a Imagem Verdadeira) jamais se perverte. Por desconhecer esta Verdade, o homem tende a desprezar a si mesmo. Muitas pessoas pensam "Sou imprestável mesmo", e com isso cometem o "encobrimento de sua natureza divina" (pecado). Encobrindo a natureza divina, é impossível que essa natureza perfeita se revele no mundo fenomênico. Experimente fotografar alguém coberto com um véu: é claro que a imagem perfeita dessa pessoa não aparecerá na fotografia. Do mesmo modo, encobrindo a nossa natureza divina e projetando o filme no mundo fenomênico através da "lente mental" distorcida pelos pensamentos tais como "Eu não presto mesmo", será impossível surgir no mundo fenomênico o nosso aspecto perfeito. Assim, a idéia de que "somos pecadores" é a matriz de onde se originam todos os males do mundo fenomênico, ao passo que a convicção de sermos filhos de Deus é a matriz geradora de um bom mundo fenomênico.


EXPLICAÇÕES DO PECADO E DE SUAS CONSEQUÊNCIAS

Depois que uma pessoa comete um pecado, surge-lhe o desejo de auto-punição, do mesmo modo que, quando se lançam poeira e lixos na fogueira, levanta-se fumaça. A esse desejo de auto-punição damos o nome de "tormento da consciência". Judas Iscariotes, depois de ter vendido Jesus por trinta moedas de prata, foi acometido por um violento tormento da consciência e acabou cometendo suicídio.

Mesmo aqueles que não cometeram um pecado tão grave quando Judas Iscariotes, sentem remorsos pelos pecados cometidos. O remorço é a "fumaça" que se levanta no processo em que o "fogo" da natureza divina do ser humano busca reativar-se, rompendo a "manta do pecado" que o cobre. Lendo a biografia de São Francisco de Assis, de Honen (um santo busdista) e de Shinra (idem), e outras literaturas sobre eles, percebemos que neles também era acentuado o sentimento de auto-recriminação. Aliás, podemos dizer que, justamente por serem eles homens de grande virtude, mais forte era seu desejo de auto-punição quando julgavam ter cometido algum pecado.

Analisando oa inquietação que acompanha a consciência de pecado (a inquietação, em si, é uma forma de auto-punição do homem), podemos concluir que ela resulta da dissonância que ocorre no interior da alma. Quando cometemos um pecado, ocorre uma dissonância no interior de nossa alma, e por isso sentimos um desconforto mental e somos torturados pelo remorço. Mas, por que ocorre a dissonância mental no interior de nossa alma quando cometemos pecado? É porque sentimos que algo incompatível com nossa natureza divina está em contato conosco. Quando nossa pele está em contato com uma superfície lisa e macia, compatível com ela, temos uma sensação agradável; mas quando a nossa pele fica em contato com uma superfície áspera e dura, incompatível com ela, temos uma sensação desagradável. Se, por exemplo, esfregarmos uma lixa no rosto, certamente teremos uma sensação muito desagradável.

O pecado -- tanto em pensamentos como em atos -- causa a sensação desagradável à nossa alma porque não é compatível com nossa natureza divina. Se nossa natureza verdadeira não fosse divina, nossa consciência não se sentiria incompatível com o pecado. A consciência é a manifestação da natureza divina, que constitui a nossa essência.

No princípio, a dissonância sentida pela consciência ocorre apenas no nível psicológico; mas, pela lei mental segundo a qual "as vibrações da mente sempre acabam por se manifestar concretamente", pouco a pouco ela passa a se manifestar objetivamente, tomando aspecto visível e perceptível aos cinco sentidos, e assim começa a surgir na vida concreta sob a forma de doença, infelicidade, etc.

A Seicho-No-Ie exprime isso com a frase: "Tanto o corpo carnal como o ambiente que nos cerca são reflexo de nossa própria mente". A consequência de nossos pensamentos aparece objetivamente em nossa vida, tal como a sentença de um julgamento. Portanto, podemos dizer que nosso estado físico e nosso meio ambiente são "sentenças" ditadas por nossa própria mente.

Se a história de vida de um indivíduo é a história das sentenças ditadas por sua própria mente, podemos dizer que a história do mundo é a história das sentenças ditadas pela mente da própria humanidade. O despeito, a inveja, o medo, a inquietação, a ira, o ódio, etc., que pairam sobre o mundo inteiro vão tomando forma concreta a cada momento, constituindo sentenças tais como de guerras, saques, boicotes, greves, repreensões, revelando-se assim o conteúdo mental da maioria da humanidade. Se nenhuma pessoa deste mundo tivesse conteúdo mental negativo tais como o despeito, a inveja, o medo, a inquietação, a ira e o ódio, jamais surgiriam neste mundo cenas de guerras e conflitos.

Assim, os sofrimentos da humanidade são sempre o reflexo das ilusões da humanidade, isto é, do "pecado de encobrir a Imagem Verdadeira"; e os sofrimentos de um indivíduo são sempre o reflexo das ilusões da sua mente individual, isto é, do "pecado de encobrir a Imagem Verdadeira". Portanto, a história de um indivíduo é o reflexo de sua mente individual; e a história do mundo é o reflexo da mente da humanidade.


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