"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, setembro 12, 2008

NÃO JULGUE E OBTENHA DOMÍNIO (Fim)

Joel S. Goldsmith

As coisas da terra sobre as quais temos domínio são conceitos e nós não temos domínio aqui fora. Não tente fazer chover ou com que o sol brilhe aqui fora (neste mundo); não tente fazer o bem a alguém aqui fora; não tente manter o emprego de alguém aqui fora. Tudo que acontecer deve acontecer dentro de seu próprio ser e esta mudança é realizada pelo fato de você ter domínio sobre seus conceitos. No momento em que você tiver um conceito e, em algum lugar dele, você encontrar algo bom ou mau, você deve agir para chegar a um ponto no qual você se afaste dos seus conceitos de bem e de mal.

Não tente mudar o mal em bem, porque assim você estará tendo apenas um conceito diferente.; e amanhã, na semana ou no mês seguinte, ele voltará sobre o lado mau novamente. Não fique feliz com uma boa aparência, porque algum dia ela o enganará e mudará para uma má aparência. Se você olhar para um objeto e considerá-lo como mau, sua reação natural é querer vê-lo como bom. O que você deve fazer é olhar para ele e não vê-lo como bom, mas vê-lo como Espírito: nem bom, nem mau.

Ninguém sabe o que é o Espírito. O que quer que você pense que sabe, não é verdade e, quanto mais cedo você começar a compreender isso, em melhor situação estará. Você não compreende e nunca compreenderá. É Deus que tem compreensão infinita; volte-se para dentro de si e deixe a compreensão divina revelar-se a você. Satisfaça-se com isso e, acima de tudo, aprenda que é simplesmente errôneo rotular uma coisa como boa ou como má.


DEIXANDO O QUE EXISTE REVELAR-SE

Seria um assunto muito simples para mim julgar o que você é em termos humanos, quem você é ou como você é. Mas isso seria errado, porque seria o meu conceito sobre você e ainda não seria você. Isso tudo começou a se revelar a mim quando eu estava tomando o café da manhã com um aluno. Nós estávamos discutindo o fato de não se pedir a Deus, porque não há meio de se obter algo de Deus, nem de se conseguir que Deus altere alguma coisa, assim, pedir a Deus alguma coisa é muito fútil. Neste ponto, eu vi uma pequena vasilha de melado e disse: “O que é isso?”

Sua resposta foi: “melado”.

- “Como você sabe?”

- “É uma associação de idéias. Eles servem bolos quentes e por isso sempre tem melado junto.”

Pela sua resposta, era claro que ele estava julgando que era melado. Eu disse: “Essa é sua opinião. É seu conceito. Mas vamos supor que nós a abrimos e descobrimos que não era melado, mas alguma outra calda qualquer. Talvez não seja mesmo melado. O que acha disso?”

-“Bem, isso pode ser verdade também. Eu estava apenas julgando pelo fato de que isso é o que você esperaria que fosse.”

Continuei: “agora, que tal retirarmos nossa opinião sobre o fato de ser melado ou mesmo se se trata de alguma coisa boa ou má e declararmos que apenas é, não o que é, mas que apenas existe? Algo existe, isso é evidente. Alguma coisa está lá, mas eu não sei se é boa ou má. Eu posso julgar pelas aparências e dizer que é melado e que, portanto, é bom; mas alguém mais poderia dizer que é melado e que não gosta dele. Assim para ele seria ainda melado, mas do lado mal. Por outro lado, quando você o provasse, poderia não ser absolutamente melado. Assim, poderíamos estar errados em todo resultado. Uma coisa podemos dizer com certeza: existe. Algo está lá.”

É exatamente isso o que eu faço com o trabalho de cura. Você se apresenta e apresenta sua condição a mim e, francamente, eu nada sei sobre você ou sobre ela. Tenho certeza de que sei menos sobre anatomia do que quase todos no mundo e certamente sei menos a respeito de todas aquelas coisas que compõem o que o mundo chama seus males. Mas você se apresenta para mim com seu problema e me volto para dentro de mim e tudo o que sei é que EXISTE. “Alguma coisa está aqui. Agora, Pai, Você a define.”

Geralmente ocorre um estado de consciência, que é como se se dissesse: “ ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo’ (Mateus 3:17). Não cuide mal dele.” No momento em que tiver a convicção interior de que você é o filho de Deus, que não há nada presente aqui senão a presença de Deus, e que não há poder aqui senão o poder de Deus, a cura se realizará.

A cura espiritual consiste em ser capaz de encarar o mundo sem uma opinião do bem ou do mal, retraindo-se para dentro de nós mesmos e indagando: “Pai, o que é isso?” Então o Pai pode fazer lembrá-lo: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.” Ou o Pai dirá: “Esta é a presença de Deus”; “este é o poder de Deus”; ou “isto não é nada separado e afastado de Deus”. Nem sempre vem palavras assim, mas vem na percepção da onipresença de Deus e só de Deus.

Você encontra as pessoas de quem gosta. Não há troca de palavras; você não diz: “eu gosto de você” ou “você gosta de mim”. Você apenas tem consciência da reciprocidade. Raramente alguém exprime tais pensamentos, mas há reciprocidade e compreensão sem quaisquer palavras. Assim é no estado de cura. Deus pode ocasionalmente falar com você em voz audível, mas é raro. A maior parte do tempo, ele vem como uma convicção e você permanece na convicção de que tudo está bem. Isso acontece com sua capacidade de não rotular, de não julgar tanto o bem quanto o mal. Você não pode fazer o julgamento correto porque ele vem de Deus e pode vir apenas na medida em que você estiver ouvindo. No seu silêncio interior, você deve estar ouvindo a Deus e escutará claramente, sentirá, compreenderá ou ficará ciente de Deus e isso é tudo o que é necessário.

Apenas tome cuidado para não prejulgar alguma coisa como mal e depois voltar-se para Deus em busca de ajuda. Deus é onipresente; assim é inútil ir à presença d’Ele para pedir-lhe que esteja presente. É inútil ir a Deus para obter o Seu poder, porque Deus está bem aqui com todo o seu poder. Deus está presente onde você estiver. Deus é o onipresente poder do bem. A graça de Deus é suficiente; não é algo que você possa obter; é algo que existe. Deus governa este universo pela graça, não pela lei, pelo desejo ou pela vontade, mas pela graça. A graça divina está onipresente em sua consciência.

Um princípio básico do Caminho Infinito é encontrado na palavra existe. Deus existe, a vida existe, o amor, a paz, a alegria, o poder existem. O domínio existe porque Deus existe. Deus é infinito, onipresente, onipotente e onisciente. Não se dirija a Deus para nada. Fique calmo e deixe Deus revelar-se dentro de você, porque Deus já está esperando impacientemente para revelar-Se. É inútil buscar a Deus. Tudo que você tem a fazer é recebê-Lo. Você não trabalha para Ele, você não O merece, você não dá o suor de seu rosto para Ele. Deus já existe. Deus já é realização. Deus já é perfeição. Por que você desejaria algo mais?


A CARÊNCIA DA CURA ESPIRITUAL

Surpreenderia todo mundo que mais líderes religiosos não estão fazendo o trabalho de cura espiritual, pois não pode haver dúvida de que, na sua grande maioria, são honestos e amantes sinceros de Deus, os que buscam a Deus, que passam a vida próximos de Deus, pelo menos tão pertos de Deus quanto a compreensão deles permita, o que, na maior parte dos casos, tem grande extensão. Se Deus, como geralmente é compreendido, fosse um curador de doenças, porque nestas centenas de anos desde que a Bíblia existe, esses dedicados líderes religiosos não obtiveram o monopólio da cura espiritual? A vida deles é dedicada ao serviço de Deus e do homem. Eles são severos, honestos e sinceros. Eles não estão realizando mais trabalho de cura espiritual, porque, a despeito do reconhecimento da onipotência de Deus, o poder ainda está sendo atribuído ao pecado, à enfermidade, à morte, à necessidade e à limitação. Eles crêem que a doença é permanente e real e aceitam a premissa de que podem suplicar a Deus para afastá-la.

Se Deus pudesse afastar a doença, ninguém teria que orar para pedir a cura. A cura não se baseia na premissa de que há uma doença, um Deus que pode curá-la, e um determinado homem ou mulher para fazer este pedido a Deus. No reino de Deus não há enfermidade. Deus sustenta e conserva Seu reino intacto, harmonioso, saudável, completo, perfeito, espiritual e integral.

Jesus Cristo e outros como Ele foram instrumentos de Deus ao revelarem para o mundo que a doença, o pecado e a morte não fazem parte do reino de Deus, não são reais e não podem permanecer em virtude dessa compreensão. Quando você tocar nas bordas do manto espiritual, você compreenderá que em todo o reino de Deus não há um pecador ou uma pessoa enferma.

A cura tem a ver com seu estado individual de consciência, um estado de consciência que apreende a idéia de Deus como Espírito infinito e, portanto, de um universo – incluindo o homem – infinita e eternamente espiritual. O que aparece para este mundo como pecado, doença, necessidade e limitação não compartilha da natureza do real e não tem lei, causa, efeito, substância ou realidade. Então, com seus pensamentos concentrados em Deus e na Realidade, ouvindo e estando sempre alerta aos Impulsos divinos, que lhe asseguram que Deus está no campo de luta, as curas se realizarão.

Houve muitos místicos na história do mundo e, ainda que alguns deles alcançassem a percepção da verdade de que o que denominamos existência material, representa apenas a ilusão dos cinco sentidos, a crença no bem e no mal foi profundamente enraizada na maior parte deles. Quando foi revelado a Gautama, o Buda, que “este mundo” é maya, ou ilusão, sua iluminação espiritual foi tão grande, que ele imediatamente soube que há uma criação espiritual divina aqui e agora, mas que o conceito universal dela é ilusório. Com esta compreensão, ele realizou um grande trabalho de cura.

Finalmente, a revelação de Buda foi corrompida e a palavra maya passou a significar o oposto de Deus. Seus últimos prosélitos foram deixados mais uma vez com dois poderes: o poder da Realidade para vencer o poder da ilusão. Mas a ilusão não pode ser vencida. Quando você compreender que uma coisa é ilusão, você termina com ela. Ela não tem mais existência. Ela tinha existência apenas enquanto você pensava que ela existia, mas quando você a viu como ilusão, foi o fim dela.

Hoje, o termo “espírito mortal” ou “espírito carnal” é usado para significar a inutilidade deste mundo de aparências. Mas outra vez veio a ser estabelecido como um poder oposto a Deus e a luta continuou. Você não pode realizar o trabalho de cura, se você acreditar que há entidades com as quais Deus tem que se bater, lutar ou dominar. Isso é estabelecido como um poder separado de Deus. É necessário receber de volta a revelação original dos grandes místicos de que há apenas um poder e que tudo englobado pelo termo ilusão é uma inutilidade. Quando você perceber isso, você terá uma consciência regeneradora.

A crença no bem e no mal é o que mantém a humanidade. Contudo, na medida em que você deixa de julgar, na medida em que você perde sua crença no bem e no mal, você já não é humano: você é espiritual. Isso acontece quando você tem uma consciência saudável. Então, você não está sujeito aos erros humanos ou às limitações da vida, como você esteve, enquanto estava preocupado tanto com o bem quanto com o mal. Em certa medida, você se tornou imune aos clamores do mundo, mas não cem por cento. Quando você alcança esses cem por cento, você já não pode se misturar com os outros e a vida se torna um fardo pesado demais para carregar. É então que os místicos, que alcançaram a percepção verdadeira e completa de que não há bem nem mal, retiram-se do mundo. Eles já não querem ser uma parte dele.

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