"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Trabalhe em honra da Grande Vida que vivifica toda a humanidade - (fim)


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Masaharu Taniguchi

Quando concluímos um trabalho que proporciona alegria e satisfação tanto a nós próprios como aos outros, nós ouvimos, bem no fundo do nosso ser, as palavras de gratidão e de louvor que são dirigidas a nós pela "Grande Vida" (que é "Deus, o "Ser Supremo", a "Vida que liga e vivifica toda a humanidade"). Bem-aventurados os que ouvem sempre essas palavras de gratidão e louvor, pois eles alcançaram a paz espiritual infinita, proveniente de sua harmonia com a "Grande Vida Infinita que liga toda a humanidade".

À medida que vamos nos aprimorando espiritualmente e vamos nos habituando a ouvir as palavras de gratidão e elogio dirigidas a nós pela "Grande Vida", gradualmente vamos deixando de sentir atração pelos prazeres pertencentes ao plano material e carnal. E finalmente tornamo-nos capazes de praticar, com alegria genuína e sincera, os bons atos que no início praticávamos de modo forçado, dominando a custo os sentimentos egoísticos, porque considerávamos um "dever" servir ao próximo. Quando o nosso aprimoramento espiritual chega a esse nível, não precisamos mais reprimir os sentimentos egoísticos para praticar bons atos. Ao atingirmos um elevado aprimoramento espiritual, todos os desejos passam a se manifestar em conformidade com a vontade da "Grande Vida Universal". Então os nossos atos passarão a servir ao propósito do bem, sem que precisemos fazer esforço consciente nesse sentido. Todos os atos que praticarmos estarão em perfeita sintonia com a "Grande Vida Universal". Em outras palavras, tudo o que fizermos estará em conformidade com a vontade de Deus. Fazer a vontade de Deus é amar a "Grande Vida Universal" (ou seja, Deus) e tornar-se capaz de servir a ela espontaneamente.

Enquanto o nosso aprimoramento espiritual é insuficiente, nós amamos apenas determinadas pessoas e coisas. Amamos um homem, uma mulher, um trabalho, um objeto... Mas quando alcançamos um alto nível de aprimoramento espiritual, o nosso amor deixa de se restringir a determinadas pessoas e coisas e passa a se dirigir para a "Grande Vida Universal". Servir a essa Grande Vida passa a constituir nossa maior alegria. E o regozijo da Grande Vida Universal, bem como as suas "palavras" de elogio, refletem-se em nossa alma como num espelho, e a paz espiritual e regozijo que então experimentamos, é algo infinitamente profundo, amplo, sublime... Todavia, mesmo depois de termos alcançado esse elevado grau espiritual, às vezes podemos "cair" e servir apenas à nossa "Vida individual", em vez de servir à "Grande Vida Universal". Se isso ocorrer, a sublime alegria da alma desaparecerá. Como lamentamos quando perdemos a sublime alegria da alma depois de a termos experimentado uma vez! Nossa alma chora, e chorando se esforça para voltar ao "modo de viver" que consiste em servir à "Grande Vida Universal". Novamente passamos a caminhar, viver e progredir junto com a "Grande Vida Universal", e finalmente reencontramos a sublime alegria da alma, que havíamos perdido. Essa alegria, que no princípio se faz sentir de um modo suave e sereno, gradativamente vai aumentando a sua doçura e profundidade. Então, sentimo-nos arrebatados pela intensidade dessa alegria. E compreendemos que a "Grande Vida do Universo" impele-nos para o caminho do dever com o único intuito de dar-nos a oportunidade de experimentar essa alegria profunda. Aliás, a essa altura já deixa de existir, para nós, o "caminho do dever"; há apenas o "caminho", o "caminho da Vida". O rígido senso do dever desaparece da nossa mente. Passamos, então, a amar a Vida e a viver em conformidade com ela.

Então, a visão do mundo transforma-se completamente. Isto em consequência da completa transformação que se opera em nossa própria mente. No princípio nós abandonamos a custo as alegrias pertencentes ao plano "carnal" e "material", e optamos, com grande esforço, pelas alegrias pertencentes ao plano espiritual. Mas depois que conseguimos abandonar realmente as alegrias pertencentes ao plano "carnal" e "material", começamos a sentir que o mundo inteiro está dirigindo a nós canções de louvor. E constatamos, com surpresa, que todas aquelas alegrias que havíamos abandonado retornam a nós com "cores" muito mais vívidas do que antes. A terra, o ar, a casa, o pai, a mãe, os irmãos, os outros -- tudo, enfim, começa a parecer satisfeito conosco, e, ao mesmo tempo, começamos a achar que tudo existe para nos proporcionar alegria. Isto é comparável ao fato de o Sol brilhar para alegrar todos os seres vivos e estes, recebendo seus abençoados raios, crescerem e se transformarem em mil formas de belos coloridos, para alegrar o próprio Sol.

Todos aqueles que já se compeliram a renunciar às suas próprias alegrias em nome do dever e da obrigação, logo verão essas alegrias retornando em forma de uma grande alegria, maior que qualquer prazer material. Verão que a "Alegria da Grande Vida Universal" tornou-se sua alegria!

O rígido "senso do dever" não passa de um "professor" que nos disciplina e guia até que a nossa alma desperte para a alegria da "Grande Vida Universal". À medida que vamos repetindo -- embora à contra-gosto -- o treinamento para renunciar às nossas alegrias egoísticas, sob a dura disciplina desse professor chamado "senso de dever", pouco a pouco a nossa alma vai se aprimorando, se elevando, até que finalmente concluímos o curso dessa "escola de obrigações", e recebemos o certificado de "Alegria da Grande Vida Universal" -- ou seja, de "alegria do Amor". Do mesmo modo que os ramos do abrunheiro germinam, crescem e fazem desabrochar lindas flores enfrentando os gélidos ventos do inverno, a nossa vida também faz desabrochar uma linda flor chamada "Alegria da Grande Vida Universal" (ou seja "Amor"), depois de passar pelo "inverno" de duras obrigações.

As "obrigações" pesam sobre nossos ombros, enquanto que o "amor" torna leves os nossos passos e preenche de alegria os nossos corações, como suaves brisas da primavera. Mas, pelo menos uma vez na vida, nós devemos carregar (mesmo contra nossa vontade) o pesado fardo de "obrigação" e prosseguir com dignidade e coragem a jornada de nossa vida, renunciando a todas as alegrias egoísticas. Quanto maiores forem a seriedade e o fervor com que encetamos essa marcha, mais depressa alcançamos a alegria do amor (ao próximo) -- a "Alegria da Grande Vida Universal".

Portanto, caro leitor, não fuja de suas obrigações. Se vivermos fugindo das obrigações, ou fizermos nossas obrigações com má vontade, nunca chegaremos a concluir o curso na "Escola das Obrigações" desta vida, e não poderemos receber o certificado do "Regozijo da Grande Vida Universal". Seremos como estudantes que nunca conseguem terminar seu curso porque estudam com má vontade as matérias escolares, e vivem cabulando as aulas. Se enfrentassem decididamente as matérias escolares, eles passariam a interessar-se por elas e conseguiriam graduar-se logo. As obrigações deixam de ser obrigações e transformam-se em fonte de uma doce alegria da alma, quando as enfrentamos com determinação e boa vontade. A "Seicho-no-Ie" é a morada das pessoas que gozam constantemente dessa doce alegria da alma. Portanto, para que seu lar se torne realmente Seicho-no-Ie (Lar do Progredir Infinito), você deve enfrentar suas obrigações com a máxima presteza, boa vontade e coragem, e transformá-las em fonte de alegria.

"Não há satisfação maior do que aquela que sentimos quando proporcionamos alegria aos outros" -- eis as palavras que você deve manter sempre como preceito que norteia a sua vida. Encoraje a si mesmo, proferindo ou lendo constantemente estas palavras. Imagine a desolação da alma de uma pessoa que sofre, quando cai em desagrado dos outros por ter insistido em manter uma atitude egoística. Essa desolação da alma não é outra coisa senão o sentimento de profunda solidão provocado pela constatação de que o seu modo de agir não foi apoiado pela "Grande Vida Universal". Bem-aventurados os que mantêm sempre a aplicação e a concentração espiritual tão grandes que os impedem de sentir tal sentimento de solidão, e têm o seu modo de viver aceito e abençoado pela "Grande Vida Universal". Quando se adota esse modo de viver, a fria aparência chamada "obrigação" muda repentinamento de aspecto e transforma-se em amor.

O Amor é a "vibração" que a "Grande Vida Universal" provoca ao se manifestar concretamente. Onde há amor, infalivelmente se manifesta a força infinita dessa "Grande Vida Universal". Eis porque pessoas que trabalham por amor nunca ficam cansadas. Eis porque o trabalho feito com amor gera obras-primas que contêm a alma do autor. Em verdade, o amor é a fonte da Sabedoria, das boas idéias, da inspiração e da força! É nessa fonte que nós, a despeito do nosso corpo carnal cheio de limitações, conseguimos preencher-nos de sabedoria, força e alegrias ilimitadas.

Portanto, vamos cumprir nossas obrigações com alegria! Vamos enfrentar as obrigações, "agarrá-las" decididamente e transformá-las em "trabalho feito com amor".

"Encostando nosso corpo no corpo do adversário, podemos pegá-lo de jeito e atirá-lo ao chão facilmente" -- eis a Sabedoria dos exímios judocas. Pode-se dizer o mesmo a respeito das "obrigações": quanto mais nos aproximamos delas (ou seja, com maior boa vontade as assumimos), mais leves e fáceis elas se tornam; e quanto mais tentamos nos afastar delas, mais pesadas e difíceis elas ficam. Agir como se estivéssemos perseguindo as obrigações (ao invés de fugir delas) -- assim é o alegre "modo de viver da Seicho-no-Ie".

(Do livro 'A Verdade da Vida', vol.7 -- págs. 191 à 197)


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