"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quarta-feira, setembro 15, 2010

A Verdade e a medicina - parte 2

Mary Baker Eddy


Nosso Mestre curou os doentes, praticou a cura cristã e ensinou a seus discípulos as generalidades do Princípio divino dessa cura; não deixou, porém, regra definida para demonstrar esse Princípio de curar e prevenir a doença. Essa regra ficou para ser descoberta na Ciência Cristã. Um afeto puro manifesta-se em bondade, mas só a Ciência revela o Princípio divino da bondade e demonstra suas regras.

Jesus nunca falou na doença como se fosse perigosa ou difícil de curar. Quando seus discípulos lhe trouxeram um caso que não haviam podido curar, disse-lhes: "Ó geração incrédula!", dando a entender que o poder necessário para curar estava na Mente. Ele não receitava remédios, nem exigia obediência às leis materiais, mas agia em franca desobediência a elas.

Nem a anatomia nem a teologia jamais descreveram o homem como criado pelo Espírito - como o homem de Deus. A primeira explica que os homens dos homens, ou "os filhos dos homens", são criados corporalmente em vez de espiritualmente, e que emergem do mais baixo em vez de emergir do mais alto conceito do ser. Tanto a anatomia como a teologia definem o homem como físico e mental ao mesmo tempo, e deixam a mente à mercê da matéria para toda função, formação e manifestação. A anatomia trata materialmente do homem em todos os pormenores: perde de vista o Espírito, abandona o verdadeiro tom e aceita a discórdia. A anatomia e a teologia rejeitam o Princípio divino que produz o homem harmonioso, e se ocupam - uma inteiramente, a outra primariamente - com a matéria, chamando homem aquilo que não é a contraparte, mas a contrafação, do homem de Deus. Então a teologia procura explicar como fazer desse homem um cristão - como, partindo dessa base de divisão e discórdia, produzir a harmonia e a unidade do Espírito e Sua semelhança.

A fisiologia exalça a matéria, destrona a Mente e pretende governar o homem pela lei material, em vez de pela lei espiritual. Quando a fisiologia não consegue dar saúde ou vida por esse processo, ela ignora o Espírito divino, considerando-o incapaz, ou sem vontade de prestar ajuda na ocasião em que o corpo dela necessita. Quando os mortais pecam, esse procedimento das escolas abandona-os à orientação de uma teologia que admite ser Deus o sanador do pecado, mas não da doença, embora nosso grande Mestre demonstrasse que a Verdade podia salvar da doença, como também do pecado.

A Mente supera de longe os medicamentos, tanto na cura da doença como na do pecado. Em todos os casos, o meio mais excelente é a Ciência divina. É a matéria médica uma ciência ou um feixe de teorias humanas especulativas? A receita que é eficaz num caso falha noutro, e isso é devido aos diferentes estados mentais dos pacientes. Esses estados não são compreendidos e ficam sem explicação, exceto na Ciência Cristã. A regra e a perfeição com que ela opera nunca variam na Ciência. Se falhares num caso qualquer, é porque não demonstrastes a vida de Cristo, a Verdade, em maior grau em tua própria vida, isto é, não obedecestes à regra nem provaste o Princípio da Ciência divina.

Um médico da velha escola observou com grande seriedade: "Sabemos que a mente afeta um tanto o corpo, e aconselhamos nossos pacientes a terem esperança e, com ânimo, a tomarem remédios o menos posível; mas a mente nunca pode curar dificuldades orgânicas." Essa lógica é claudicante e os fatos a contradizem. A autora curou o que se chama doença orgânica com tanta presteza quanto curou doenças puramente funcionais, sem outro poder senão o da Mente divina.

Visto que Deus, a Mente divina, governa tudo, não parcial, mas supremamente, o predizer a doença não dignifica a terapêutica. Tudo o que guia o pensamento espiritualmente, beneficia a mente e o corpo. Precisamos compreender as afirmações da Ciência divina, rejeitar a supertição e demonstrar a Verdade de acordo com o Cristo. Hoje em dia, quase não há cidade, aldeia, ou povoado, onde não se encontrem testemunhas vivas e monumentos à eficácia e ao poder da Verdade, tal como é aplicada mediante este sistema cristão de curar a doença.

Hoje em dia, o poder curativo da Verdade está sendo extensamente demonstrado como uma Ciência imanente, eterna, em vez de o ser como uma exibição fenomenal. Seu aparecimento é a nova vinda do Evangelho de "paz na terra entre os homens" e de boa vontade para com eles. Essa vinda, como fora prometida pelo Mestre, deu-se para o estabelecimento da Ciência Cristã como dispensação permanente entre os homens; mas a missão da Ciência Cristã, agora como no tempo de suas demonstrações anteriores, não é principalmente a cura física. Agora, como então, operam-se sinais e milagres na cura metafísica de moléstias físicas; esses sinais, porém, servem apenas para demonstrar a origem divina dessa cura - para atestar a realidade da missão mais elevada da força - Cristo, a de tirar os pecados do mundo.

A (assim chamada) ciência física pretende fazer-nos crer que tanto a matéria como a mente estão sujeitas a moléstias, e isto, a despeito do protesto do indivíduo, em oposição à lei da Mente divina. Esse ponto de vista humano infringe o livre-arbítrio moral do homem; e é tão evidentemente errôneo para a autora e assim o será para os demais em dia futuro, como a doutrina, quase inteiramente rejeitada, de que as almas estejam predestinadas à condenação ou à salvação. A doutrina de que a harmonia do homem é governada por condições físicas durante toda a sua vida terrena, e que então ele é expulso de seu próprio corpo pela ação da matéria - isto é, a doutrina da superioridade da matéria sobre a Mente - vai-se desvanecendo.

As hostes de Esculápio estão inundando o mundo com doenças, por ignorarem que a mente e o corpo humano são mitos. Sem dúvida, às vezes tratam os doentes como se houvesse um único fator no caso; mas esse fator único elas apresentam como sendo corpo, não mente. Não é possível que a Mente infinita crie um remédio fora de si mesma, porém a mente humana, falível e finita, tem necessidade absoluta de alguma coisa acima de si mesma para sua redenção e cura.

Grande respeito se deve aos motivos e à filantropia da classe mais elevada dos médicos. Sabemos que se estes compreendessem a Ciência da cura-pela-Mente e possuíssem o poder mais amplo que ela confere para beneficiar fisica e espiritualmente a raça humana, regojizar-se-iam conosco. Bastaria essa reforma na medicina, para finalmente livrar a humanidade da terrível e opressiva escravidão, que, na atualidade, é imposta por teorias errôneas, das quais multidões gostariam de escapar.

A crença mortal diz que a morte tem sido ocasionada por susto. O medo nunca fez parar o ser e sua ação. O sangue, o coração, os pulmões, o cérebro, etc., nada têm a ver com a Vida, Deus. Toda função do homem real é governada pela Mente divina. A mente humana não tem poder algum para matar ou curar e não exerce domínio algum sobre o homem de Deus. A Mente divina, que fez o homem, mantém Sua própria imagem e semelhança. A mente humana a se opõe a Deus, e é preciso despojar-se dela, como S. Paulo declara. Tudo o que realmente existe é a Mente divina e sua idéia, e nessa Mente o ser inteiro se revela harmonioso e eterno. O caminho reto e estreito consiste em ver e reconhecer esse fato, em ceder a esse poder, e seguir as diretrizes da verdade.

Temos provas esmagadoras de que a mente mortal pretende governar cada órgão do corpo mortal. Essa assim chamada mente, porém, é um mito, e por seu próprio consentimento tem de ceder à Verdade. Desejaria empunhar o cetro de um monarca, mas não tem poder. A Mente divina imortal tira-lhe toda a suposta soberania, e livra a mente mortal de si mesma. A autora esforçou-se por fazer deste livro o Esculápio da mente bem como do corpo, para que ele possa dar esperança aos doentes e curá-los, embora estes não saibam como a obra se efetua. A Verdade tem efeito curativo, mesmo que não seja de todo compreendida.

A anatomia descreve a ação muscular como se fosse produzida pela mente num caso, porém não noutro. Tais erros assediam todas as teorias materiais, nas quais uma declaração contradiz repetidas vezes a outra. Conta-se que Sir Humphry Davy certa feita curou aparentemente um caso de paralisia, pela simples introdução de um termômetro na boca do paciente. Fez isso só para verificar a temperatura do corpo do paciente; o doente, porém, supôs que essa cerimônia fosse para curá-lo, e em consequência, restabeleceu-se. Tal ocorrência elucida nossas teorias.

As pesquisas e experimentos médicos da autora haviam-lhe preparado o pensamento para a metafísica da Ciência Cristã. Todo apoio material lhe havia falhado na procura da verdade; e agora ela pode comprender o porquê disso, e pode reconhecer os meios pelos quais os mortais são divinamente impelidos para uma fonte espiritual em busca de saúde e felicidade.

Seus experimentos na homeopatia haviam-na tornado cética quanto aos métodos curativos materiais. O Dr. Jahr enumera, desde o aconitum até o zincum oxydatum, os sintomas gerais, os sinais característicos que exigem remédios diferentes; mas o medicamento frequentemente é atenuado a tal grau que dele não resta vestígio algum. Assim, aprendemos que não é o medicamento que expulsa a doença ou modifica um só dos sintomas da doença.

A autora atenuou o natrum muriaticum (sal comum de cozinha) até que não restasse uma só propriedade salina. O sal tinha perdido "o sabor"; e, no entanto, com uma só gota dessa atenuação num copo de água, administrada a intervalos de três horas, curou um paciente que estava na última fase de febre tifóide. A atenuação mais alta e mais potente da homeopatia eleva-se acima da matéria para a mente. Essa descoberta leva a mais luz. Dela se pode aprender que, ou a fé humana ou a Mente divina é a sanadora, e que não há eficácia no medicamento.

Dizes que um furúnculo é doloroso; porém isso é impossível, pois a matéria sem a mente não sente dor. O furúnculo simplesmente manifesta, pela inflamação e inchação, uma crença na dor, e essa crença é chamada furúnculo. Agora, se administrares mentalmente a teu paciente uma alta atenuação da verdade, ela curará logo o furúnculo. O fato de que não pode existir dor onde não há mente mortal para sentí-la, é prova de que essa assim chamada mente produz sua própria dor - isto é, sua própria crença na dor.
Cont...


Do livro "Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras"

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