"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, junho 23, 2012

O que nos conduzirá ao paraíso? 2/2

Masaharu Taniguchi
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*Nota: O Buda que a Seicho-No-Ie  reconhece é o Ser onipresente, onisciente e onipotente. É a Luz onipresente, Luz infinita que ilumina todos os cantos do céu e da terra. É o Ser cuja Vida e cuja Sabedoria são infinitas. Ele é a Luz da Vida e Sabedoria que resplandece em toda parte do universo, sendo Um com todo o universo, com todo o infinito.


Estamos salvos desde o princípio; não é depois de nos esforçarmos muito nesse mundo que alcançamos, finalmente, a salvação. Portanto, o que precisamos fazer é simplesmente despertar para a Verdade de que á estamos salvos, já estamos no paraíso. Se se recorrer ao ensinamento de que "o homem só alcançará a salvação após muitos esforços", o efeito será muito lento, e não se poderá saber quando as pessoas despertarão para o fato de que, na verdade, estão salvos desde o princípio. Por outro lado, mesmo que se ensine que "todos estão salvos desde o princípio", as pessoas comuns, que só vêem o aspecto fenomênico, dificilmente perceberão o seu Eu verdadeiro (o Jissô), que está salvo desde o princípio. Cientes disso, os grandes mestres Hônen e Shinran tiveram a ideia de criar um "método" simples de conduzir as pessoas ao despertar, e passaram a ensinar: "Reze o Namu-Amida-Butsu. Com isso, mesmo os piores pecadores serão salvos." Diante dessa declaração clara e objetiva, as pessoas pensavam: "Ah! Não sabia que era tão simples alcançar a salvação". E, recitando "Namu-Amida-Butsu", pensavam consigo mesmas: "Pronto! Já estou salvo, já estou salvo!" Assim, despertavam para o fato de que estão salvas desde o princípio. Portanto, ensinar que "o homem alcança a salvação quando reza o Namu-Amida-Butsu" é apenas um expediente para fazer as pessoas despertarem para a realidade de que já estão salvas. Se através dessa oração ocorre a salvação, é porque existe a realidade "o homem está salvo desde o princípio".

Na seita Shin, ensinam que "mesmo tendo uma pessoa cometido pecados a vida inteira, ela será salva se rezar o Namu-Amida-Butsu". Isto se baseia no princípio básico de que o mal não existe verdadeiramente, e de que somente Amida-Butsu (o Bem) é existência real. O grande mestre Shinran disse também: "Os pecados não existem de verdade. Eles são produto da ilusão. O espírito humano é originariamente puro e bom". Se o mal, que não existe de verdade, parece existir de modo concreto, é porque a nossa própria mente permanece na ilusão de que o mal existe. Já que o mal não passa de produto da ilusão, e não existe realmente, para que nos amofinar, tentando nos livrar dele? Expulsemos da mente a ilusão da existência do mal. No mesmo instante, extinguir-se-á o mal, que não passa do produto da ilusão. Vejamos unicamente a Realidade perfeita. É nesse sentido que a seita Shin prega que "mesmo tendo uma pessoa cometido pecados a vida inteira, ela será salva se rezar o Namu-Amida-Butsu".

Interpretando os ensinamentos da seita Shin do ponto de vista da Seicho-No-Ie, constatamos que, na verdade, ela não é uma religião que enfatiza a maldade e a pecaminosidade do ser humano, e sim uma religião que prega a inexistência do pecado, ou seja, o fato de que "o espírito humano é originariamente puro e bom", como disse o mestre Shinran.

Mas por que será que os pecados originariamente inexistentes aparecem como se fossem reais e atormentam o homem? Por que será que o espírito humano, originariamente puro e bom, parece maculado de pecado e maldade? Tudo isso é consequência do fato de a mente humana manter persistentemente a ilusão de que o mal existe. O mestre Shinran empenhou-se em descobrir um meio de expulsar da mente humana tal ilusão. Antes de mais nada, é preciso compreender que é impossível corrigir os maus pensamentos com a mente que admite a existência deles. Os mais pensamentos somente se extinguem com a conscientização de que "o mal não existe originariamente". Entretanto, por mais que se diga que é preciso crer na inexistência do mal como se fosse real, as pessoas comuns dificilmente conseguem convencer-se disso. Elas pensam insistentemente: "Preciso eliminar este mal pensamento". Justamente por isso, reparam mais no mal manifestado, e o "mau pensamento" lhes parece existir realmente. Tudo aquilo que a mente reconhece passa a se manifestar. Por ter conscientizado isso, o mestre Shinran disse que o homem pode alcançar a salvação mesmo tendo cometido pecados durante toda a vida, contanto que reze o Namu-Amida-Butsu na hora de sua morte. 

Ser salvo não significa ser transportado para algum lugar no espaço, denominado paraíso. Ser verdadeiramente salvo é passar a manifestar o eu verdadeiro originariamente perfeito. Por mais que a pessoa tenha cometido pecados até agora (até o presente momento), ela pode alcançar a salvação imediatamente, contanto que passe a contemplar a perfeição de seu Eu verdadeiro agora mesmo. Afirmar que Buda (ou Deus, para os que não são budistas) só poderá nos salvar quando chegarmos ao fim de nossa vida carnal é menosprezar o Seu poder. Nós cremos que o poder de salvação de Deus é absoluto e ilimitado. Em vez de imaginar Deus num lugar longínquo do espaço, cremos que Ele está junto de nós e que o Seu poder de salvação está ao nosso alcance aqui e agora. 

Aqueles que imaginam Deus em algum lugar inacessível, acreditando erroneamente que só serão salvos após a morte do corpo carnal, devem corrigir esse erro e abrir para Deus as portas de sua mente, aqui e agora. Assim, as bênçãos de Deus, que até agora estavam bloqueadas, começarão a surgir em suas vidas, imediatamente.


Do livro: "A Verdade da Vida, vol. 12" pp. 73-76

(Jissô)

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