"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

terça-feira, janeiro 08, 2013

Krishnamurti e Sri. Yuktéswar definem a iluminação

Alsibar


Krishnamurti e Sri Yukteswar

O que é a iluminação? Apesar de tantas explicações, por que este termo ainda é tão incompreendido? Vamos conhecer a posição de dois grandes mestres no assunto e refletir juntos sobre estas e outras questões.

Um dos termos mais incompreendidos no mundo místico, espiritualista ou religioso é “iluminação”. A grande dificuldade reside no fato de que, neste campo de “conhecimento” não pode haver incompreensão ou equívocos - senão corremos sérios riscos de nos iludirmos. Lamentavelmente a própria tradição contribuiu para esses mal entendidos. Quem já não ouviu falar no dia da Iluminação de fulano ou sicrano? Há inclusive comemorações neste dia, para celebrar o grande acontecimento. Ao ver atitudes assim, o buscador leigo - e até os mais espertos - ficam aguardando também o seu “grande dia” em que eles deixarão de ser um “reles mortais” e se tornarão Budas, ou iluminados. Será que é assim mesmo? Como saberemos? A quem recorreremos neste caso? Aos próprios iluminados, não é mesmo?

Não sabemos o que os iluminados mais antigos realmente disseram acerca desse assunto. As informações que temos são escassas e a fidelidade delas é questionável. Então, existem informações mais modernas e fidedignas sobre este assunto? Recentemente, surgiram duas grandes vertentes: aquela iniciada por Babaji e divulgada ao mundo por Paramahansa Yogananda e a de Krishnamurti. Surpreende-me o quanto estes dois “representam” caminhos tão diferentes - mas ao mesmo tempo - fluem, em essência, para uma mesma e única práxis . Paramahansa Yogananda é considerado um legítimo representante da Bhakta Yoga. Sri Yuktéswar foi um Jnana Iogue (encarnação da sabedoria).  E Krishnamurti  foi considerado um  verdadeiro Maha-iogue, (encarnação da Yoga Suprema)  segundo as palavras de Pupul Jayakar e outros estudiosos do assunto que conviveram com ele.
Então o que diz a tradição de Babaji? Vejamos um diálogo entre Yogananda e seu mestre Sri. Yuktéswar sobre o encontro com Deus, a Verdade ou Iluminação:

Certa vez, Yogananda fez a seguinte pergunta a seu Mestre:

- “Mestre, quando eu encontrarei Deus?" O mestre respondeu-lhe:
- Oh… Você já o encontrou.
- Não, mestre, creio que não.
- Sim… você já o encontrou. Estou certo que você não está esperando encontrar um personagem memorável, enfeitando um trono num cantinho antiséptico do Cosmo. Percebo, entretanto, que você imagina que a posse de  poderes miraculosos é a prova de que alguém encontrou Deus. Não. Pode-se alcançar o domínio sobre o Universo inteiro e, no entanto, descobrir que Deus se esquiva. O progresso espiritual é medido pela PROFUNDEZA DA BEM-AVENTURANÇA alcançada em meditação”.

O critério de Iluminação ensinado por Sri. Yuktéswar à Yogananda aplica-se perfeitamente à Krishnamurti. São famosos seus êxtases místicos, seus ataques, os desmaios devido à  intensidade da Ananda ou Bem-Aventurança. Esses êxtases aconteceram em diversas fases de sua vida e foram registrados tanto por suas biógrafas, quanto pelo próprio Krishnamurti no livro “O Diário de Krishnamurti”. Assim, percebemos que Krishnamurti não  foi apenas uma espécie de “teórico” da nova espiritualidade. Ele viveu plenamente aquele estado que denominamos de Iluminação.
O problema é que muita gente confunde expansão da consciência com iluminação. E não há, necessariamente, uma relação entre as duas. Você pode expandir sua conciência, ter visões e sensações extra-sensoriais por vários outros meios. Através do álcool, drogas, plantas alucinógenas, técnicas mântricas, visualizações, respiração controlada e muitas outras, qualquer um pode expandir momentaneamente sua consciência. Mas, se quando passa a “experiência” a pessoa continua vazia e neurótica e se isso causa dependência, ou prejuízos ao cérebro, como  pode ser considerado Iluminação? Além do mais, iluminação é um estado alcançável através de esforços e disciplinas? É algo que nos exercitamos, como quem exercita o corpo e a mente? Podemos desejar iluminação como quem deseja um carro, uma casa, um emprego, um amor ?

É curioso observar que Yogananda não estava seguro sobre sua Iluminação. Enquanto seu mestre,  Sri. Yukteswar, assegurou-lhe que ele já a havia alcançado. Ou seja, infere-se que a iluminação é algo que vai se instalando aos poucos na mente e no espírito do indivíduo SUTILMENTE, sem que ele perceba. Sem que ele se dê conta disso. Krishnamurti defende uma posição muito parecida, vejamos o que ele diz sobre isso:

“A iluminação não é um lugar fixo. Não existe lugar fixo. Tudo o que precisamos é compreender o caos, a desordem em que vivemos. Ao compreendermos isso, a ordem se estabelece naturalmente, e com ela vem a clareza e a certeza. Quando a mente conseguir enxergar com clareza, a porta se abrirá. O que acontecerá depois é indescritível.”

“Atualmente, existem diversas formas de meditação no mundo. O homem está excessivamente ávido e ansioso para experimentar algo que ainda não conhece. A Yoga agora está na moda; foi trazida para o Ocidente para tornar as pessoas saudáveis, felizes e joviais, para ajudá-las a encontrar Deus - em todos os lugares se fala disso. A busca pelo oculto também está na moda, já que é um assunto muito excitante. Para a mente de alguém que está buscando a Verdade as coisas ocultas são óbvias demais e esse tipo de mente não pode tocá-las. Não tem a menor importância eu ler seus pensamentos ou você ler os meus, poder ver anjos, fadas, ter visões. Queremos ver algo misterioso, mas não vemos o imensurável mistério do viver, do amor pela vida. Não vemos isso e esbanjamos tempo em coisas que não tem a menor importância”.

“Apenas a mente completamente silenciosa é que sabe, que está ciente da existência ou não de algo que se situa além de qualquer medida. O silêncio é a suprema forma da mais alta ordem. Logo, o silêncio não é algo que você inventa, que tenta experimentar ou TER CONSCIÊNCIA DELE. NO MOMENTO EM QUE TOMAMOS CONSCIÊNCIA DE QUE ESTAMOS EM SILÊNCIO, O SILÊNCIO JÁ NÃO EXISTE.”

Esta última frase diz tudo. Que cada um faça suas reflexões e tire sua próprias conclusões.

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