"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

O Universo da Realidade


 Masaharu Taniguchi

 
(Sutra Sagrada - Chuva de Néctar da Verdade)
 
REALIDADE
 
"Prossegue anunciando o Anjo:

A Realidade é eterna, a Realidade não adoece,
a Realidade não envelhece, a Realidade não morre;
ao fato de conhecer esta Verdade se diz conhecer o
Caminho.

A Realidade, porque é universal, é chamada Caminho.
O Caminho está com Deus; Deus é o Caminho, é a
Realidade.

Aquele que conhece a Realidade,
aquele que vive na Realidade,
transcende a desintegração e será eternamente perfeição."

 
Anteriormente, explicando o que é a matéria, disse que ela é uma "onda" que se forma na superfície do mundo da Imagem Verdadeira, do mundo eterno. Não é possível agarrar as ondas, pois são inconstantes e mudam de forma sem parar. Quando pensamos "eis uma onda" e tentamos pegá-la, já não existe. Assim é o mundo da ilusão. A Realidade, pelo contrário, é a existência indestrutível e eterna; não é uma existência que morre ou desaparece. O mundo da Realidade é eterno.
 
(Em tom de leitura da sutra:) A Realidade não adoece, não envelhece, não morre. Ao fato de conhecer essa Verdade se diz conhecer o Caminho. A Realidade é chamada Caminho porque é universal e completa. O Caminho é a Vida que preenche o Universo. O Caminho está com Deus. Deus é o Caminho, é a Realidade. A Imagem Verdadeira que preenche o Universo e está com Deus é o Caminho. A imagem Verdadeira é Deus, Deus é o Caminho, e o Caminho é a Imagem Verdadeira. São a mesma coisa. O mais importante é compreender que a Grande Vida (a Imagem Verdadeira) que preenche o Universo e que é a Realidade, constitui ao mesmo tempo a nossa própria Imagem Verdadeira. Na Imagem Verdadeira também somos a Realidade e nos identificamos com Ela, o Caminho que preenche o Universo, isto é, com Deus.
 
A Realidade, até agora considerada apenas um conceito abstrato e objeto de especulação filosófica, esteve confinada numa torre de marfim como algo que nada tem a ver com nossa vida. É por essa razão que o budismo, apesar de ter pregado a Verdade com termos filosófico de nível bastante elevado, não conseguiu aplicá-la na vida prática. A Realidade, contudo, não é mero conceito filosófico. Ela é tudo que existe vedadeiramente.  O que existe é somente a Realidade. Nada existe além dela. A Realidade - isto é, Deus - é tudo. Portanto, se algo existe, isso é Deus, é a Realidade. E a Realidade - Deus - é o nosso Eu Verdadeiro. Este corpo carnal, limitado, cheio de defeitos, destinado a perecer, não é a Realidade. Se ele parece ser, é porque não passa de projeção de nossa mente que não é existência verdadeira. Não devemos confundí-lo com o nosso Eu. O que está sentado aqui é projeção de nossa mente. Nossa Imagem Verdadeira é Realidade eternamente indestrutível. Nosso Eu é um com a Grande Vida que preenche o Universo. (Apontando para si mesmo com o indicador:) Eis a Grande Vida universal! (Apontando para o público:) Os senhores próprios devem conscientizar: "Sou a Grande Vida Universal"! Precisamos conscientizar que somos a Realidade, a Grande Vida universal.
 
Como já disse, é fundamental que o homem desperte para o fato de que, na Imagem Verdadeira, ele é um com a eterna Verdade que preenche o Universo, um com Deus. Por considerar o homem e a Realidade (Deus) como existências isoladas uma da outra é que até uma grande religião acaba se tornando mera filosofia e perde a força para salvar efetivamente as pessoas. O que vivifica realmente o mundo e a vida prática é a conscientização acompanhada de sentimento: "Sou um com a Realidade, um com Deus!". Isso explica por que a Seicho-No-Ie, pregando a mesma Verdade apregoada pelo budismo ou pelo cristianismo, consegue produzir inúmeros milagres. Pregamos a mesma Verdade, não de modo abstrato ou alheio à vida cotidiana, mas de modo que a Verdade se integre ao homem vivo na vida prática, partindo da premissa de que existe unicamente a Realidade. Em outras palavras, fazemos a perfeita união da Verdade com o homem, fazendo-o conscientizar "Sou a própria Verdade, a própria Grande Vida Universal!". Eis o segredo para fazer manifestar uma força efetiva na cura de doenças ou na transformação da vida cotidiana, pregando a mesma Verdade que as religiões tradicionais.
 
Deus - e somente Ele - existe verdadeiramente. Deus é tudo. Existe unicamente a Realidade, a Imagem Verdadeira. No entanto, muitas pessoas pensam que a ilusão existe, e por isso não conseguem manifestar a força da Imagem Verdadeira. Quando se adquire a convicção "a ilusão não existe, somente a Realidade existe, e a Realidade sou eu", manifesta-se uma força extraordinária que atua na vida prática. Viver dessa forma a Verdade no cotidiano é conhecer e viver o Caminho. Não basta só conhecê-lo. É preciso que o Caminho e nossa vida se integrem perfeitamente. Então o Caminho conhecido será automaticamente vivido - isto é, haverá a perfeita união entre o conhecimento e a prática.
 
A sutra diz: "Aquele que conhece a realidade, aquele que vive na Realidade, transcende a desintegração e será eternamente perfeição". Isto quer dizer que a Realidade é a Vida imortal, que jamais se extingue; é a Vida absoluta que existe desde o princípio sem começo até a eternidade sem fim. Obviamente, transcende o nascer e o perecer fenomênicos. É a Grande Vida absoluta, dinâmica, imperecível, eterna, sempre perfeita, que se mantém constantemente em estado impecável. Por isso, na sutra lê-se como segue:
 
"A Vida conhece a vida e não conhece a morte.
Vida é sinônimo de Realidade.
A Realidade não tem princípio nem fim,
não se extingue nem morre;
por isso, a Vida também não tem princípio nem fim,
não morre nem desaparece."
 
A Vida não tem começo nem fim. O que surge num determinado momento deverá perecer algum dia, mas a Vida não desaparece nem perece porque é eterna. A Seicho-No-Ie transcende tudo que é negativo tal como desaparecimento, perecimento ou treva e prega somente o que é positivo, razão pela qual a Verdade manifesta sua força para melhorar a vida na prática. Não estou, com isso, pretendendo depreciar outras religiões. O budismo, por exemplo, é um ótimo ensinamento. Sua doutrina, na essência, é maravilhosa, mas existem diferentes níveis no modo de transmití-la.  Para as pessoas de baixo nível de compreensão, pregam que "Já que o homem nasceu, terá de morrer". Esse tipo de pregação é dirigida às pessoas pouco evoluídas espiritualmente e que confundem a Vida com o corpo carnal, visível aos olhos. É o chamado "budismo do pequeno veículo" e é representado pela sutra Agon.
 
A sutra Kegon, que é mais elevada, prega a indinstição entre a mente, Buda e o mortal. É um ensinamento de nível mediano, segundo o qual o homem se torna Buda quando a mente desperta, ou um mortal, quando a mente se ilude. Tal ensinamento nos leva a concluir que nem Buda nem o mortal são seres constantes, pois são duas formas de manifestação da mente que, por sua vez, não tem uma natureza definida. Segundo esse pensamento, não somos nem Buda nem mortal: seremos Buda, se despertarmos; e seremos um mortal, se cairmos em ilusão. O homem seria então um ser indefinido, vago, sem identidade, que não é nem Buda nem mortal. Com tal pensamento, é impossível manifestar a força para ativar a vida prática. Uma pregação que não esclarece o que é a Imagem Verdadeira do homem não é capaz de vivificar concretamente a vida do ser humano. A Seicho-No-Ie não prega que o homem é um ser ambíguo que não se sabe o que é. Ela afirma categoricamente que o homem é filho de Buda, ou melhor, que a Imagem Verdadeira do homem é o próprio Buda. Se o homem não souber o que ele é, não saberá como viver. Mas, se compreender que ele é originariamente Buda, independentemente de despertar ou não, e que, portanto, jamais cai em ilusão, jorrará vigorosamente de seu interior a força para dinamizar a vida.  O budismo, apesar de sua filosofia profunda, não conseguiu salvar a humanidade porque deixou confusa a ideia do que seja o homem, sem distinguir se ele é Buda ou mortal. A Índia e a China, onde outrora se expandiu grandemente o budismo, decaíram porque se pregou que o homem é um ser indefinido, sem característica própria, que pode se tornar Buda ou mortal conforme sua mente desperte ou se iluda. Quem acredita em tal ensinamento só pode enfraquecer e degenerar.
 
A Seicho-No-Ie afirma direta e categoricamente que o homem, na Imagem Verdadeira, é Buda; que a ilusão não existe; que o homem não é um ser volúvel que se torna ora Buda, ora mortal, segundo a oscilação da mente; que tal mente não é existência verdadeira; que todos somos Budas desde o princípio. Fulminando assim a ilusão e afirmando categoricamente que somos Budas é que a religião se revigora e adquire força para transformar a vida.
 
Adjetvando a Vida (o homem) com palavras obscuras como "inascível e imperecível", não é possível despertar a capacidade latente. Somos Vida eterna e jamais perecemos. Na Seicho-No-Ie destruímos a ilusão com um só golpe de palavra: "A ilusão não existe!" e ostentamos a Vida. Afirmamos categoricamente que somos Vida infinita - isto é, Buda - que vive desde o passado sem começo até o futuro sem fim. Justamente por sermos Buda na Imagem Verdadeira, é que para nós não existe destruição nem ilusão. somente isto é Realidade, e tudo o mais é falsidade. Eliminamos tudo que não é existência verdadeira e afirmamos (apontando para si mesmo) "Sou Buda!". Assim, podemos inclusive conscientizar que dentro de nós existe a força infinita. A ilusão não existe! Sou Buda! O homem não é um ser fraco, atualmente em ilusão, que será Buda às custas de muitas orações. Tal homem jamais existiu. Somos Buda desde o princípio. Trazemos dentro de nós a infinita força búdica. Assim afirma a Seicho-No-Ie. O Buda indistinto da mente e da criatura não existe. Quando eliminamos tal Buda, tal mente e tal criatura e tudo o mais, verificamos que resta algo que não se elimina: é a Realidade, é o Buda eterno, que ao mesmo tempo constitui o nosso Eu verdadeiro.
 
Continuando:
 
"A Vida não está contida na escala do tempo, não está
contida na escala da caducidade;
 
o tempo, pelo contrário, está na palma das mãos da Vida, a qual
cerrada se torna um ponto e, aberta, se torna infinito.

Aquele que acredita ser jovem logo rejuvenescerá, e
aquele que se crê senil logo envelhecerá.

Também o espaço não é coisa que limite a Vida.
Pelo contrário, o espaço nada mais é que uma " forma
de reconhecer" criada pela própria Vida.

A Vida é senhor, o espaço é súdito.
Às corporificações das idéias emitidas pela Vida e
projetadas no espaço dá-se o nome de matéria.

A matéria é originalmente nada e não possui
autonomia nem força.

O que faz parecer que a matéria possua autonomia e
também força para dominar a Vida é a " distorção"
ocorrida na ocasião da passagem da Vida por aquela
"forma de reconhecer".

Vede corretamente a Imagem Verdadeira (Essência) da Vida, sem vos apegar
a essa "distorção".

Aquele que conhece a Imagem Verdadeira da vida transcende a
causalidade e alcança a liberdade harmoniosa da Vida,
que é originalmente sem distorções."
 
 
Aqui se explica o que é o tempo. Como a vida não tem começo nem fim e existe através do tempo infinito, dizemos que ela é eterna. Quando pensamos na Vida em termos de tempo, imaginamos um começo por associação de ideias, mas a Vida não teve começo nem terá fim. Como não há palavras adequadas para explicar algo que existe por tempo infinito, conformamo-nos com o adjetivo eterna. As palavras que usamos são destinadas a expressar os fatos fenomênicos, mas, como não existem outras, somos obrigados a usá-las para explicar a Essência. o que tentamos fazer metaforicamente. Se formos à origem do tempo, encontraremos o ponto-origem, onde já não existe o tempo. Esse ponto é absoluto e infinito e encerra em si todas as coisas, todo o Universo. Quando se fala em ponto, tem-se a impressão de que ele se situa em algum lugar do espaço, mas o ponto de que estou falando não ocupa espaço. Não existe palavras para explicar isso; só posso esperar que os senhores o compreendam através da iluminação. Tudo está contido nesse ponto adimensional, e este, por sua vez, se estende e abrange todos os seres de todo o Universo.
 
Nossa Vida é eterna, não tem começo nem fim, portanto, não morre. Entretanto, pensa-se que, com o tempo, o homem enfraquece, envelhece e morre. Mas o mundo dimensinoado pelo tempo, em que ocorre a morte, não é o mundo verdadeiro; é um mundo resultante da "distorção" que se verifica na ocasião em que a Vida atravessa a "retícula" de tempo e espaço. Segundo a Teoria da Relatividade de Einstein, o tempo é relativo, pois pode parecer longo ou curto. Quando estamos ouvindo uma história interessante ou fazemos algo agradável, sentimos que o tempo tem curta duração. E, quando estamos fazendo algo enfadonhos, sentimos que o tempo se escoa lenta e prolongadamente. Isso mostra que o tempo parece ter longa ou curta duração conforme o nosso estado psicológico. Podemos citar também o exemplo do sonho. Não raro, temos sonhos em que durante dezenas de anos trabalhamos, progredimos, enriquecemos, temos preocupações, tristezas e alegrias. Mas, quando acordamos, percebemos que sonhamos com tudo aquilo em alguns minutos. Em suma, o tempo tem duração longa ou curta segundo a nossa mente. Ele não é algo constante que existe de verdade. Logo, a Vida não está contida no tempo. Pelo contrário, ela é que possui o tempo na palma de sua mão. A Vida transcende o tempo e é eterna. Por isso está escrito: "A Vida não está contida na escala do tempo (...); o tempo, pelo contrário, está na palma das mãos da Vida, a qual cerrada, torna-se um ponto e, aberta, torna-se infinito".
 
O trecho acima ainda fala sobre o espaço: "Também o espaço não é algo que limite a Vida. Pelo contrário, o espaço nada mais é que uma 'forma de reconhecer' criada pela prórpia Vida. A Vida é senhor, o espaço é súdito". Esta é a explicação do espaço dada pela Seicho-No-Ie. Como diz o texto, a Vida é que comanda o espaço. É um erro pensar que a Vida seja dependente do espaço. Não é no espaço preexistente que nasce a Vida. Ao contrário, o espaço é uma "tela" produzida pela Vida. O Eu, que é o ponto central e origem do tempo e do espaço, produz vibração mental e a projeta como se fosse um holofote, e então parece que existe um espaço que se estende infinitamente. Não é que exista primeiramente o espaço para nele surgirem os mais variados seres. O Eu, que é o centro emissor de vibrações mentais, projeta-as diante de si através da lente mental e vê essa projeção como uma dimensão espacial. Isto é o espaço. Este, portanto, é uma dimensão projetada por nós mesmos.
 
Certo dia, li no jornal Yomiuri um artigo do pastor cristão Kiyozo Takemoto, que parece ter experiências de cura de doença pela fé. Entre outras coisa, o artigo dizia: "É natural que as doenças dos órgãos internos sejam curadas pela fé, mas ferimentos externos não se curam pela fé". Quanto a esse ponto, o respeitado pastor me decepcionou, pois demonstra não conhecer a Verdade de que tudo que ocorre no mundo exterior é projeção do mundo interior, isto é, da mente. Ele pensa que está sob o controle da mente apenas a parte interna do corpo e que a parte externa independe da mente. Não compreende que o mundo exterior é projeção da mente. Pensa que o homem é corpo carnal, que a mente está no cérebro e que a fé sentida por essa mente influi apenas na parte interna do corpo carnal. Na verdade, o espaço é constituido de vibrações mentais que se estendem partindo do ponto central chamado Eu. Portanto, somos o centro do espaço, centro do Universo; nós é que manifestamos todas as coisas no espaço ao nosso redor. Ao compreendermos isso, sentimos realmente que somos seres grandiosos.
 
Pode parecer estranho afirmar que cada um de nós é o centro do Universo, pois estaremos reconhecendo vários centros no Universos. Entretanto, isso não é nada estranho porque o Universo, sendo infinito, pode ter infinitos centros. Os senhores devem saber que a elipse, que é limitada, possui inúmeros centros. Então é natural que o Universo, que é infinitamente extenso/grande/vasto, tenha uma infinidade de centros. No infinito Universo (mundo) da Imagem Verdadeira, cada um de nós é o centro. Ao mesmo tempo, na Imagem Verdadeira somos um com a Grande Vida que rege o Universo. A elipse deixará de ser elipse se lhe faltar um dos centros situados no eixo. Da mesma forma, cada um de nós é um centro indispensável ao Universo e, juntamente com a Grande Vida, está regendo o Universo.
 
 
Do livro "A Verdade da Vida, vol. 21", pp. 76-88

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