"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Assim se identificam o Budismo e o Cristianismo - 7/11

Masaharu Taniguchi


Sem desfazer minha postura, cheguei a eliminar o vazamento. Busquei o nirvana de suprema tranquilidade e sem doença, e o obtive. Busquei o nirvana de suprema tranquilidade sem velhice, sem morte, sem tristezas, sem aflições e sem preocupações, e o obtive; obtive o saber, obtive a visão, e encontrei o caminho e a dignidade. O viver já está extinto, a prática de Brahma já está efetivada, o comportamento já está correto, e conheci a Verdade sem me prender ao viver. (Sutra Rama)

Estas foram as palavras de Sakyamuni quando despertou para (compreendeu) o mundo da Imagem Verdadeira, onde não há velhice, nem morte, nem sofrimento.

Sakyamuni, vendo os quatro sofrimentos do mundo fenomênico – que são o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte –, quis saber como transcende-los ou dominá-los. Ele fez voto para consegui-lo e, para isso, praticou ascese durante seis anos, e acabou compreendendo que as práticas ascéticas (de mortificação do corpo) não levam ao despertar espiritual. Deixou o bosque dos ascetas Uruvela, chegou às margens do rio Nairanjana, lavou o seu corpo emagrecido, purificou-se das ilusões acumuladas durante anos, tomou a papa de arroz cozido com leite oferecido por uma jovem brâmane e recuperou a força física. Com o ânimo renovado, assentou-se sob uma árvore de figueira-dos-pagodes para meditar (árvore bodhi) e, fechando os olhos para a falsa imagem das mortificações fenomênicas, visualizou claramente a Imagem Verdadeira da Realidade do Universo, e, finalmente, despertou para o mundo da Imagem Verdadeira, onde não há velhice nem morte nem tristezas, compreendendo que estas não passavam de projeções de ideias, pensamentos e sentimentos.

"Sem desfazer minha postura" significa permanecer em postura e estado de meditação. É fazer o que em inglês é dito contemplation. É meditar sobre a Verdade. "Vazamento" significa ilusão ou desejos mundanais. Portanto, "eliminar o vazamento" significa eliminar a ilusão de que "existe o corpo carnal", "existe o fenomênico", ilusão esta originada do conhecimento baseado nos cinco sentidos. Eliminada a ilusão, Sakyamuni se conscientizou da Imagem Verdadeira do homem, isenta de velhice, morte e tristeza; isto é, alcançou o nirvana tranquilo, sem velhice, sem morte, sem tristeza...

Aos olhos carnais, Sakyamuni não passava de um homem carnal de aspecto deselegante, magérrimo, com as costelas salientes, representado na estátua conhecida como "Imagem de Sakyamuni pós-ascese". Mas tal fenômeno não existe, o corpo carnal também não existe, existindo unicamente o homem eterno perfeito, isento de doença, velhice, morte, tristeza, aflição e preocupação. Nirvana não significa morte. Ele consiste na morte da consciência do homem carnal e no renascimento da consciência espiritual do homem eterno, que resulta no desaparecimento de todos os tormentos e na obtenção do estado espiritual de total tranquilidade. Referindo-se a esse estado espiritual, Sakyamuni diz no Dammapada (uma coleção de máximas de Sakyamuni, de 758 versos, obra de iniciação ao budismo, explicando o caminho para se viver corretamente): "A minha vida já é tranquila, sem padecer de doença, Eu pratico a inexistência da doença. A minha vida já é tranquila sem me entristecer, e pratico a inexistência da tristeza. A minha vida já é tranquila, naturalmente pura; alimento-me da felicidade. Sou como os anjos de som luminoso".

"Anjos de som luminoso" são, segundo a lenda, os anjos que vivem no mundo da felicidade perene, sempre repleto de luz. Um ser como esses anjos espirituais é o homem verdadeiro. Ao fato de Sakyamuni ter visto e conhecido esse homem da Imagem Verdadeira, ele diz na Sutra Rama: "obtive o saber, obtive a visão". E ao fato de ter encontrado o caminho e as regras de boa conduta que decorrem naturalmente dessa conscientização, ele diz: "encontrei o caminho e a dignidade". Referindo-se à extinção da ilusão de estar vivendo como corpo carnal, ele diz: "o viver já foi extinto". Consequentemente, as práticas de brahma, isto é, as práticas de purificação, passaram a ser realizadas naturalmente, e seu comportamento não infringiu mais as regras, mesmo agindo conforme a sua vontade. Atingindo esse estado espiritual, não se tornou mais prisioneiro do "existir", isto é, da ilusão de que "o corpo carnal existe", e apreendeu a Verdade, isto é, a Imagem Verdadeira da Realidade tal qual ela é.

É importante alcançarmos, em vida, o estado de "o viver já foi extinto". Para isso, precisamos, por meio negação do fenômeno, isto é, por meio da compreensão da inexistência da matéria, da inexistência do fenômeno, da inexistência do corpo carnal e da inexistência da doença-velhice-morte, compreender a existência do mundo ideal, eterno e indestrutível, e a existência do homem eterno, indestrutível, perfeito, isento de doença, velhice, morte e sofrimento. Quem possui inteligência poderá compreender isso por meio da inteligência. Porém, o caminho mais fácil consiste em compreendê-lo com o coração de criança, tal como o filhinho da senhora Michiko Yokoyama. Sakyamuni, como foi o maior filósofo de toda a história da humanidade, alcançou o despertar por meio da meditação sobre a Verdade e da reflexão filosófica. A meditação sobre a Verdade consiste na meditação zen, e a reflexão filosófica consiste em refletir sobre as 12 causas diretas e indiretas do sofrimento, isto é, questionar por que existem os quatro sofrimentos relacionados a vida-velhice-doença-morte, e, se eles não existem, por que parecem existir.

Por que existem velhice e morte? É devido ao nascer. Por que existe o nascer? É devido ao existir. Por que existe o existir? É devido ao segurar. Por que existe o segurar? É devido ao amor. Por que existe o amor? É devido ao receber. Por que existe o receber? É devido ao contato. Por que existe o contato? É devido às seis entradas. Por que existem as seis entradas? É devido ao nome-e-forma. Por que existe nome-e-forma? É devido à faculdade cognitiva. (Sutra Zo-agon 12.5)

"Por que existem velhice e morte?" – a solução desta questão era o primeiro e maior objetivo de Sakyamuni quando abandonou o lar em busca do despertar. Aqui estão mencionada apenas "velhice e morte", mas essas duas palavras representam a velhice, a doença, a morte e todos os demais sofrimentos, tristezas, aflições, preocupações, etc. Por que o homem envelhece, por que adoece, por que morre, porque precisa passar por tristezas, aflições e preocupações? Quando meditamos detidamente sobre essas questões, concluímos que isso é devido ao fato de termos nascido fisicamente. É devido ao "nascer". Para nos libertarmos dos sofrimentos causados por velhice, doença e morte, precisamos transcender o "nascer". Devemos sair para o mundo onde não existe o "nascer". E, para isso, precisamos indagar por que ocorre o "nascer", qual é a causa do "nascer", investigar a origem do "nascer", descobri-la e rompê-la. Por isso, Sakyamuni foi perseguindo e observando causas após causas (ou causas das causas), e esse processo se chama "observação das causas". E, como resultado de suas meditações e observações, concluiu que o homem carnal surgiu pela sucessão de 12 causas intermediárias, as quais vou enumerar a seguir:

1 – Velhice e morte (incluindo doenças e todos os tipos de sofrimentos)
2 – Nascer
3 – Existir
4 – Segurar
5 – Amor
6 – Captar
7 – Contato
8 – Seis entradas
9 – Nome-e-forma
10 – Faculdade cognitiva
11 – Ação
12 – Ignorância

Os sofrimentos relacionados à doença, à velhice e à morte ocorrem pelo fato de termos nascido neste mundo. Se não tivéssemos nascido, não existiriam os sofrimentos relacionados à velhice, à doença e à morte, nem dores causadas pela separação das pessoas amadas, nem o desconforto de encontrar pessoas odiosas. Por isso, precisamos superar o nascer. Então, o suicídio bastaria para superar o nascer? Não, porque o suicídio provoca carma, que deverá ser resgatado futuramente. Assim como uma energia não se extingue por si só devido à lei da inércia, a inércia dos carmas físicos, verbais e mentais irá manifestar-se nas próximas encarnações, num círculo vicioso, tal como uma roda que continua girando. O fato de a alma reencarnar várias vezes se diz Rinne-tenshô em japonês e significa metempsicose rotativa, pois esse processo cíclico se sucede indefinidamente como uma roda que gira sem parar. Assim sendo, de nada adianta alguém se suicidar para superar sofrimento e dor. Precisamos negar o "nascer" sem praticarmos o suicídio. Precisamos transcender o "nascer", vivendo. Tendo nascido como corpo carnal, precisamos afirmar que não somos corpo carnalManifestando o corpo carnal, precisamos compreender que o corpo carnal não existe, que o nascer não existe. Em outras palavras, precisamos alcançar um despertar igual ao de Sakyamuni, que, sob a estrela-d'alva do dia 8 de dezembro, aos 35 anos de idade, vivendo com o corpo carnal, afirmou: "o viver já se extinguiu".

Então, como poderemos adquirir a consciência da inexistência do corpo, da inexistência do "nascer", quando estamos manifestando o corpo carnal?

Sakyamuni, questionando dentro de sua mente sobre a causa e a origem do "nascer", indagou: "Por que existe o nascer?". E a resposta foi: "É devido ao existir". Esse "existir" não significava a existência verdadeira ou realidade. Ele é o pensamento, a ideia, a visão de que a matéria existe. Na sutra Agon-Kyô está escrito: "O pensamento significa existência. O pensamento significa existência de todas as coisas". Portanto, esse "existir" consiste em pensar que são "existentes" todos os fenômenos materiais, inclusive o homem carnal, em vez de considerá-los meras formas manifestadas. Se não considerarmos o homem carnal como "existente", não surgirá a questão "por que nasceu" o corpo carnal, que não existe. E no corpo carnal, que não existe, também não podem existir nem velhice, nem doença, nem morte, nem tristeza, nem aflição, nem sofrimento, e todos os problemas estão resolvidos. Portanto, o único meio para transcender e dominar o corpo carnal consiste em não considerar os fenômenos materiais e corporais como "existentes", mas vê-los como "inexistentes". Os que se deixam enganar pelos cinco sentidos (tal como Adão, que comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal) pensam que o corpo carnal e a matéria existem e se apegam ao corpo carnal, confundindo-o com o seu Eu verdadeiro, e é por isso que sofrem temendo a velhice, a doença e a morte.

Se o corpo carnal não é existência verdadeira, o "nascer" também não existe verdadeiramente. Eles são como uma visão ou uma imagem projetada na tela de cinema. Compreendendo que eles não são existências verdadeiras, atingimos o nirvana tranquilo, "sem nascimento, sem velhice, sem doença e sem morte" mesmo vivendo a vida em que se nasce, envelhece, adoece e morre. Não é após a morte do corpo carnal que se alcança tal estado de nirvana; este se alcança quando desaparece o apego ao corpo carnal e a pessoa se liberta das amarras desse apego, pela compreensão de que o corpo carnal não existe, mesmo existindo. Portanto, alcançar o nirvana não consiste em abandonar este mundo; pelo contrário, consiste em concretizar neste mundo o estado de felicidade perene do mundo da Imagem Verdadeira. Isto é, realizar no mundo atual o estado paradisíaco, o jardim do Éden, o estado do palácio Ryugu (reino do mar). Sakyamuni, que atingiu esse estado, expressa-o na Sutra Rama com as seguintes palavras:

Sou um ser excelente,
não me apego a nada,
libertei-me de todos os apegos.
Assim é um vitorioso.
Todas as ilusões se extinguiram.
Aniquilei todos os males.

"Aniquilei todos os males" – esta declaração expressa o seu despertar para a Verdade de que "o mal não existe". Esse despertar tem como base a absoluta convicção de que a matéria não existe, o corpo carnal não existe. É desse modo que o homem alcança o seu estado mental de total liberdade também neste mundo fenomênico e se torna vitorioso. Na Sutra Agama (Agon-kyô, em japonês), consta a seguinte passagem:

Foi quando Sakyamuni permanecia na aldeia Sekishu-Shakushi. Inúmeros discípulos seus, reunidos no templo, estavam consertando suas vestes. Nesse momento, o demônio Papias, metamorfoseado em um monge brâmane, vestindo pele de animal e com uma bengala na mão, veio aonde estavam reunidos os discípulos de Sakyamuni e lhes perguntou: "Vocês, que abandonaram seus lares na juventude, tendo pele alva e cabelos pretos, e que estão na flor da idade e são robustos, não deveriam satisfazer os prazeres dos cinco sentidos (desejo de posse, desejos carnais, a gula, a fome e o sono)levar uma vida luxuosa e se divertir? No entanto, abandonaram os prazeres deste mundo e buscam a felicidade póstuma. Por que fazem isso?"

Buscar a felicidade póstuma significa abrir mão da felicidade presente e real para alcançar a felicidade no mundo pós-morte, após terminar a vida no mundo presente. Continuando a passagem:

Os discípulos responderam: "Nós não buscamos a felicidade póstuma, abandonando a felicidade presente. Nesta própria vida presente, já abandonamos a felicidade póstuma e já estamos desfrutando da felicidade presente". Então o falso brâmane indagou: "Como desfrutar da felicidade presente, abandonando a felicidade póstuma?". Os discípulos de Sakyamuni responderam: "O nosso mestre prega que a busca da felicidade do outro mundo é sem graça, acarreta muito sofrimento, traz pouca vantagem e muita preocupação. A felicidade do mundo presente de que fala o venerável Sakyamuni é aquela que vem naturalmente, sem esperarmos a hora, quando afastamos as diversas queimações, e que atingimos aqui mesmo. Caro brâmane, isso se chama felicidade do mundo atual".

"Queimação" significa o fogo das paixões mundanais que arde; são as amarras do apego. Se afastarmos os apegos e as paixões mundanais que ardem, compreendendo que o corpo carnal não existe verdadeiramente, que a matéria não existe verdadeiramente, atingiremos o estado de plena liberdade e teremos felicidade no mundo atual, "sem esperarmos a hora", isto é, sem esperarmos a hora da morte carnal, realizando-se assim o paraíso sereno neste mundo profano. Esta foi a resposta. Assim era o budismo, não o budismo filosófico da posteridade, mas da fase inicial em que vivia Sakyamuni.

Em todo caso, para alcançarmos o estado de plena liberdade neste mundo presente, precisamos aniquilar a ideia do "existir". E a que se deve o aparecimento desse "existir"? "É devido ao segurar" – concluiu Sakyamuni. "Segurar" consiste no fato de a pessoa se apegar a algo e segurá-lo. Pensando "eu desejo, eu quero", segura-o com apego. Podemos apreender a Vida em seu estado de fluidez, sem imobilizá-la, sem segurá-la. Quando apreendemos a Vida tal qual ela é, desaparece a sensação de estarmos vivendo como corpo carnal e alcançamos o estado em que a Vida em si está vivendo, em que a Vida está fluindo naturalmente como ela é. Algo não vai bem devido ao "segurar", isto é, quando nos apegamos a ele e o prendemos. Então, de onde vem esse apego? A resposta é: Por que existe o segurar? É devido ao amor. Quando nos apegamos a algo devido ao amor-apego e o seguramos, esse "segurar" imobiliza a Vida, e não podemos apreendê-la em seu estado de fluidez. O termo "amor", no cristianismo, significa amor puro, desinteressado e divino; mas no budismo, esse termo é sinônimo de ilusão, de apego pegajoso. Mas isso não significa desacordo entre budismo e cristianismo. É apenas que a mesma palavra está sendo empregada em sentido diferente.

Bem, agora vamos ver por que surge esse amor-apego, pegajoso. Sakyamuni compreendeu o seguinte: Por que existe o amor? É devido ao captar. Aqui, "captar" significa sensibilidade. Se não existisse a sensibilidade, não surgiria o "amor" de apego pegajoso. Então, como surge a sensibilidade? Por que existe o captar? É devido ao contato. Somente é possível sentir algo porque há contato com ele. E se contata porque existem órgãos sensoriais, que são as "seis entradas". São seis meios para receber as vibrações vindas de fora, ou seja: visão, audição, olfato, gustação, tato e mente. Então, como se desenvolveram esses seis órgãos sensoriais: Sakyamuni disse: Por que existem as seis entradas? É devido ao nome-e-forma.

"Nome" é palavra, são ondas; e "forma" é matéria. A matéria também são ondas solidificadas. Logo o "nome" e a "forma", afinal, são da mesma natureza. Os órgãos sensoriais não se desenvolveram por si sós; eles se desenvolvem de acordo com a mudança das ondas do ambiente. Entre os peixes que vivem nas profundezas do mar, existem alguns que não têm olhos. Em Akiyoshi, província de Yamaguchi, há uma caverna com estalactite onde corre um rio subterrâneo, e lá vivem enguias sem olhos, porque lá não chegam os raios solares. Quando se fala em ambiente, temos a impressão de que ele é um elemento puramente externo a nós, mas o ambiente também é constituído de ondas vibratórias (verbo). Assim sendo, o interior e o exterior são uma coisa só: o ambiente constitui a nossa mente, e a mente constitui o ambiente. Sobre esse assunto irei discorrer posteriormente com maiores detalhes. As "seis entradas" (órgãos sensoriais) se desenvolveram graças a nome-e-forma (ondas vibratórias). É como acontece com a evolução do radar, graças ao desenvolvimento da tecnologia eletromagnética. Acompanhando as mudanças do meio ambiente, muda também o sistema de adaptação a ele. Vamos agora ver por que surge o nome-e-forma.

"Por que existe nome-e-forma? É devido à faculdade cognitiva" – esta foi a conclusão de Sakyamuni. As ondas vibratórias da matéria são consideradas diferentes das ondas mentais, mas, em síntese, são as mesmas ondas da "faculdade cognitiva". Se a faculdade cognitiva não atuasse no Universo, não existiria nem mundo objetivo (nome-e-forma), nem o mundo subjetivo (faculdade cognitiva). Em suma, podemos dizer que o Universo é manifestação da faculdade cognitiva. E, sobre a causa do surgimento dessa "faculdade cognitiva", não é mais possível conjecturar. A Sutra Agama (Agon-kyô) diz:

Certa vez, Sakyamuni permaneceu no Guion-shôja, erigido no bosque Seitarin. Lá, ele disse aos monges: "Eu pensei no destino quando ainda não havia alcançado o verdadeiro despertar e, a sós, num local silencioso, meditei seriamente com a mente concentrada e formulei a seguinte questão: 'Por que razão existem velhice e morte? Por qual causa intermediária da razão existem velhice e morte?'. Concentrei-me corretamente e cheguei à seguinte conclusão: 'Velhice e morte existem porque existe o nascimento; velhice e morte existem devido à causa intermediária do nascimento'. Assim, fui indagando sucessivamente sobre existir, segurar, amor, contato, seis entradas e nome-e-forma. Depois indaguei: 'Por que razão existe nome-e-forma?'. Concentrei-me corretamente e cheguei à conclusão: 'Nome-e-forma existe porque existe a faculdade cognitiva, é devido à causa intermediária da faculdade cognitiva'. Nessa sucessão de indagações, cheguei até a faculdade cognitiva e retrocedi, sem conseguir ir mais além".

Desse modo, existe primeiramente a "faculdade cognitiva", que é a base, cujas ondas vibratórias se manifestam como "nome-e-forma", isto é, manifestam-se como ondas invisíveis (nome) e ondas visíveis (forma), e, tendo estas como causa intermediária, surgem as "seis entradas", que são órgãos para captar as ondas acima referidas. Por intermédio desses órgãos sensoriais se produz o contato, e este produz o "captar". Este gera o "amor", este gera o apego (segurar), este gera o "existir", que consiste em pensar que as coisas existem materialmente, o que, por sua vez, gera o "nascer", isto é, a ideia de que o corpo carnal nasce e existe aqui. E, como as pessoas pensam que o corpo carnal é o seu eu, veem como existentes a velhice, a doença e a morte (resumindo, "velhice e morte"), que aparecem no corpo carnal, e consequentemente surgem diversos tipos de sofrimento. Assim concluiu Sakyamuni. Então, como eliminar esses sofrimentos? Para isso, basta fazer o percurso inverso com o pensamento.

Cont...

Do livro "A Verdade da Vida, vol. 39", pp. 125-140

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