"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, fevereiro 15, 2014

Assim se identificam o Budismo e o Cristianismo - 3/11

Masaharu Taniguchi


Se tiverdes fé e não duvidardes, não somente fareis o que foi feito à figueira, mas até mesmo se a este monte disserdes: "Ergue-te e lança-te ao mar", tal sucederá; e tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis. (Mateus 21:21-22)

Por causa de vossa pouca fé, pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: "Passa daqui para acolá", e ele passará; e nada vos será impossível. (Mateus 17:20)

Certa feita, um homem trouxe seu filho lunático aos discípulos de Jesus e lhes pediu que o curassem, mas a cura não ocorreu. Então, o próprio Jesus repreendeu o demônio (espírito errante) que estava incorporado no menino, e o demônio saiu imediatamente, ficando o menino curado desde então.

Os discípulos perguntaram a Jesus por que eles não conseguiram curar o menino, ao que seu mestre respondeu que, tendo-se fé, até um monte se desloca para dentro do mar, e que inclusive uma figueira pode viver ou secar pelo poder da palavra dita com fé. Com muito mais razão se pode curar doença ou ser curado sem dificuldades. O ser humano precisa confiar na sua natureza divina. A finalidade com que veio Jesus foi para mostrar que o homem é filho de Deus e perfeito por natureza. Mas essa perfeição está encoberta pela ideia de que "o pecado existe", "a doença existe", "o envelhecimento existe" e "a morte existe". Para eliminar essa ideia, era necessário aniquilar o corpo carnal, que é a origem do pecado, da doença, do envelhecimento e da morte. Somente por meio desse aniquilamento é que o homem pode extinguir os quatro sofrimentos – que são o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte – e entrar na Vida eterna. Por isso, Jesus crucificou o seu corpo carnal e depois ressuscitou. Nós também ressuscitamos no reino de Deus quando crucificamos o corpo carnal. Quando comemos o pão que representa a carne de Jesus e tomamos o vinho que representa o sangue de Jesus, o nosso corpo se identifica com o corpo e o sangue de Jesus.  E dessa forma nos vinculamos à crucificação (anulação do corpo carnal) de Jesus, ficamos sem o corpo carnal, mesmo tendo-o, e podemos ressuscitar como Vida-Espírito absolutamente livre, que não adoece nem morre.

Assim é a religião. Mesmo tendo-se o corpo carnal, o corpo não existe. Seja fortuna ou qualquer outra coisa, elas não existem, mesmo que as possuamos. Se não atingirmos esse estado espiritual, não poderemos administrá-las livremente. Isso porque, quando pensamos que algo existe, nossa mente se prende a ele. Um corpo verdadeiramente saudável funciona (trabalha) bem, sem que haja o pensamento de que ele existe. O que existe conscientemente á apenas a função (trabalho), e não se tem consciência de algo fixo chamado corpo carnal. Isso porque a Vida é o próprio "trabalho". Quando se tem a consciência de uma existência fixa chamada corpo carnal, a Vida já está estagnada, não está trabalhando de modo natural; a Vida se autodividiu, e está havendo confronto entre o subjetivo (o eu que vê) e o objetivo (o eu visto). Quando a pessoa se conscientiza da existência do estômago, já piorou o funcionamento deste: não está trabalhando de modo natural, está estagnado ou congestionado; está havendo confronto entre o eu que observa o mau funcionamento e o eu que está sendo observado. Quando desaparece esse confronto, estamos em estado natural. O estado natural da Vida, o estado natural do fluxo das coisas, o trabalho natural, o mushin (A mente em estado natural, em estado nulo, isenta, despreocupada, tranquila, entregue nas mãos de Deus) – esse natural é o estado em que há saúde.

Se a pessoa não ficar em estado de mushin, não haverá o verdadeiro trabalho (funcionamento) da Vida. O contrário de mushin é ushin (Mente intencional, ocupada, preocupada, interessada), que é enganosa. A preocupação em ficar saudável é ushin. O desejo de ser curado da doença também é ushin. Esse ushin é mente em ilusão. A saúde consiste em simplesmente viver, em simplesmente trabalhar, em viver naturalmente, conforme o fluir da Vida.

Certa vez, uma pessoa sofredora perguntou a um sábio hindu: "Por que aquela vaca vive tão feliz?". A resposta foi: "É porque ela vive comendo capim simplesmente". A Vaca é feliz,não porque come capim. Aqui, o importante são as palavras "vive" "simplesmente", grafadas em negrito. Mesmo não comendo o capim ou seja o que for que a pessoa esteja fazendo, se viver simplesmente, aí onde ela está já é o paraíso, é jardim do Éden. O que não é feito simplesmente é suspeito, e isso corresponde a comer do fruto da árvore do conhecimento. Cristo disse: "Não vos preocupeis". Preocupar-se não é o simplesmente. O que vive simplesmente é o coração de criança. O coração de criança está sintonizado com a mente universal, com a mente de Deus, porque não tem um pingo sequer de mácula. Quando a nossa mente se reconcilia com Deus, com o céu e a terra e com todas as pessoas e coisas, tudo no Universo se torna nosso amigo, e nada pode nos ferir. Então, aí se realiza o paraíso, o céu; a Vida pulsa simples e naturalmente, a saúde se efetiva e a família prospera.

Cont...

Do livro "A Verdade da Vida, vol. 39", pp. 104-108

4 comentários:

SERgio disse...

A "visão" mental é realmente "cegueira";não pode perceber a Vida
Real,imutável e Eterna/Atemporal. O que pode-se notar através dela?
Só imagens, movimentos- tudo que começa e termina;efemeridades,aparências.
Inclusive aquilo que chamamos -através desta visão - de "nós", tbém é um fluxo temporário, que não pode ser Quem somos, pois o Que somos só pode ser Aquilo que é Onipresente, e não pode haver nada além do Onipresente Eterno,senão não seria Onipresente.

Sejamos cegos para o que esta visão alcança: miragens; para seja percebido Aquilo que subjas as aparências...a percepção que consta naquela revelação que diz:
"DEUs viu (em sua infinitude)tudo quanto havia (há!...não existe passado!) feito(faz),e eis que era(é) muito Bom."

Tudo já é perfeito. Nada a rigor, precisa ser melhorado ou curado.

É preciso só haver comunhão de visão (da parte do suposto alguém,- por assim dizer), com Aquele que Sempre assim Percebe.

Mas de qualquer modo é sempre Ele(EU) Quem assim realiza...

Exatamente onde parece haver "algo" que dura algum tempo -e que
às vezes parece "fixo" -, o que verdadeiramente "HÁ" sou EU que SOU Tudo!


Templo disse...

Muito bom!

Em outras palavras, o que o nosso amigo SERgio quis dizer foi: "a visão que existe na representação só é capaz de discernir o que está na representação." Se percebermos a representação como sendo apenas uma representação, concomitantemente, a percepção do Ser vai se tornando evidente. O problema ocorre quando a representação é percebida como sendo realidade, e a representação não é percebida como representação. (Palavras óbvias, mas profundas! rsss)

Em si, a representação nada é. A representação sequer está representando alguma coisa (pois ela não tem poder para isso, é apenas uma representação). Se não houver "Alguém" fora da representação "fazendo", a representação não seria possível.

Facilita muito pensar no exemplo do Autor e dos personagens dos quadrinhos (por exemplo, Cebolinha e o Maurício de Sousa).

Muito obrigado!

Namastê!

SERgio disse...

Começar a "se dar conta" de que a "representação" é uma representação,é o começo da lucidez Consciencial para e d'Aquilo que está/É Agora:a Vida, a "Tela", na qual o "filme" aparentemente surge, com seu vir e ir fenomenal.

Mas como poderia-se notar que o que é experimentado "lá fora" não é Real, e sim uma encenação?
Observando (e daí "cortando" a identificação...) a partir da Presença, subjacente,atemporal, imutável, infinita...que não aparece, e portanto nunca desaparece(!)...
Esta Presença não pode ser discernida a partir "do fora",
pois está "Dentro" (embora não exista "dentro" e "fora" para o Que É.)

Só "há" Isto!...Logo, "somos" Isto.

Namastê!

Templo disse...

Sim, sim... muito obrigado SERgio!

A Consciência é a "tela", o "pano de fundo", o "campo de percepção" onde tudo aparece. Observando a partir desse ponto de vista, situado "anteriormente" ao surgimento do filme, percebe-se a encenação como uma encenação. A Vida é a pura luz que brilha, e a partir da qual surgem todas as imagens que na tela são projetadas.

Grato pelo comentário.
Reverências!
Namastê!