"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, maio 02, 2016

A base da cura espiritual

- Joel S. Goldsmith - 


A cura espiritual é conseguida através da realização do Cristo na consciência individual. Deus, a Consciência individual deste universo, é a consciência única e exclusiva. Todavia, já que Deus é a consciência de mim e já que Deus é a consciência de ti, e porque há somente uma única consciência, a verdade se torna efetiva na consciência de qualquer pessoa que sintonize com ela. Portanto, qualquer verdade que se revele dentro de nossa consciência revela-se instantaneamente à pessoa que aparece como nossa paciente.

Algumas vezes, pessoas que não estão ligadas a nós de algum modo, como amigos, parentes, estudantes ou pacientes -- alguém que esteja num hospital, numa prisão ou numa ilha deserta, alguém que esteja buscando este conceito mais alto de Deus -- podem ser curadas ainda que não nos conheçam e nós não as conheçamos; ou, ainda que elas nos conheçam, podem não saber que estamos nesta trilha e, por isso, não saberiam que foram curadas.

Há somente uma Vida, uma Consciência, uma Alma; mas Esta é a sua consciência, é a minha consciência. É por isso que não termos de tentar alcançar pessoa alguma. Quando estamos nessa união consciente, tanto nos tornamos uma parte do outro que o que um está pensando à respeito da Verdade, ou de Deus, o outro está ouvindo; mas não há transferência de pensamento e isso não deve ser interpretado dessa maneira. Nós não somos únicos em nossa humanidade: nós somos únicos no Cristo, e tudo o que está sendo proporcionado é a ideia divina que flui na consciência.

Por esta razão, aqueles que não estão conscientes do princípio do poder único jamais precisam preocupar-se em suportar os pensamentos de outra pessoa. Todo o sofrimento da Terra, não importando sua forma ou natureza, é um produto da crença universal em dois poderes; portanto, a harmonia universal só será restaurada quando Deus for revelado como Onipotência. Há apenas uma mente e esta é o instrumento de Deus, jamais se eleva mais alto do que a pessoa em cuja mente ele está ocorrendo.

Por exemplo, se alguém estivesse sentado aqui repetindo "duas vezes dois, cinco", nosso senso matemático nos protegeria e não aceitaríamos essa afirmação incorreta. Ele poderia dizer: "Você está morto!", mas o nosso senso de vida seria uma proteção e não nos perturbaríamos por causa desse pensamento errôneo.

Em certas formas de prática mental, têm sido feitos experimentos provando que um indivíduo não pode ser induzido a fazer alguma coisa que violente sua própria integridade, salvo se for por sua própria escolha consciente. Nenhum pensamento humano conscientemente dirigido a uma pessoa pode jamais fazer com que alguém violente sua própria integridade; e, em consequência, quando alguém comete um erro, é porque essa pessoa está conscientemente violentando seu próprio senso do que é certo. Tudo isso é inerente ao próprio ser.


LIBERDADE ESPIRITUAL

Os discípulos pouco entenderam a missão de Jesus. Nos três anos que estiveram com Jesus, apesar de terem contato quase diário com ele e com seu pensamento e trabalho, poucos foram os que evidenciaram estar profundamente tocados por sua mensagem. Ele não conseguiu provocar muita espiritualidade em Judas e não teve grande sucesso com Pedro, e menos ainda com a maioria dos demais discípulos. João, naturalmente, captou a mensagem plena e completa.

A chegada do Messias havia sido profetizada há séculos, mas os hebreus não tinham o conceito do Messias como um ensinamento ou uma ideia divina. Pensavam que o Messias, quando chegasse, seria um homem que os conduziria à liberdade. Liberdade do que? Liberdade da servidão a César, de serem escravos de César; liberdade provavelmente de algumas das práticas impostas por sua religião, porque os povos da época de jesus estava procurando uma liberdade física, uma liberdade temporal, e provavelmente pensavam que o Messias poderia vir como um rei para dar-lhes essa liberdade. Nisso ficaram desapontados. Não compreendiam que a missão de Jesus não era deste mundo.

Jesus veio com a ideia divina da liberdade espiritual. Esperava que, colocando os povos de sua época livres em sua consciência -- livres da escravidão a pessoas e coisas -- eles estariam de fato livres. Mas os hebreus estavam procurando um emancipador humano, que os tornaria livres de condições intoleráveis, e não conseguiriam compreender a missão do Cristo. Por esta razão, pouco deles captaram a visão e se beneficiaram com ela.

Que ninguém cometa hoje o mesmo engano a respeito da missão do Caminho Infinito. Seu propósito é a compreensão e a revelação do ser espiritual, a manifestação harmoniosa e eterna de Deus, do Bem. Ela não procura mudar, corrigir ou reformar pessoa alguma. Por isso, o nosso trabalho está dentro do nosso próprio ser e consiste em alcançar aquela consciência espiritual em que não há tentação para aceitar o universo e o ser individual como outro que não Deus aparecendo como o universo e como ser individual.

No sentido comumente aceito pela prática metafísica de cura, a saúde é habitualmente procurada como o oposto ou como a ausência de doença; a bondade e a moralidade como oposto ou a ausência de maldade e imoralidade; porém, nesta exposição, não tentamos curar o corpo, eliminar a doença ou reformar os pecadores. Não procuramos saúde no que Jesus chamou "este mundo" porque o "Meu reino não é deste mundo", isto é, o trabalho de Cristo não está no reino dos conceitos humanos. Entendemos que a saúde é a qualidade e a atividade da Alma, sempre expressa como um corpo perfeito e imortal. Até mesmo um corpo humano harmonioso não expressa necessariamente a saúde, porque esta é mais do que a ausência de doença: É uma disposição eterna do ser espiritual. Além disso, a bondade humana não é senão o oposto da maldade humana, e não é a disposição espiritual do ser que precisamos compreender e conseguir em nossa abordagem à vida.

Conquanto esta mensagem não diga respeito à saúde ou à doença humana, à riqueza material ou à pobreza, à bondade ou à maldade pessoal, mesmo assim a consecução da consciência de Deus que aparece como um ser individual resulta naquilo que ao sentido humano aparece como saúde, riqueza e bondade. Estas coisas, entretanto, representam os conceitos finitos daquela harmonia espiritual que a realidade está sempre presente.

Quando não estivermos mais sujeitos à crença de que somos escravos de alguma pessoa ou circunstância, e quando não formos mais escravos de contas a pagar, estaremos verdadeiramente livres para sempre. Então, não nos fará diferença que espécie de sistema político ou econômico existe em nosso mundo. Seremos abundantemente providos por qualquer que seja a forma de suprimento necessário, seja qual for a forma de governo em que estejamos vivendo. E se estivéssemos na prisão, ainda assim estaríamos livres. Seríamos como aquelas pessoas de outrora que diziam: "Aprisionar-me você não pode! Meu corpo você pode pôr na prisão -- mas não a mim!".

A mente, ou a consciência, não pode ser confinada a uma sala ou cadeira. A mente pode vagar à vontade por aí e ser treinada de modo a elevar-se acima do sentido corpóreo, como o de estar realmente fora deste mundo com a sensação de estar livre do corpo, sem que deixemos o corpo. Não é possível deixar nosso corpo porque somos uma só coisa, mas podemos deixar o sentido corpóreo dele e ficar tão livres espiritualmente que não seremos limitados nem pelo tempo nem pelo espaço. É o que acontece quando conquistamos nossa liberdade espiritual.

Nessa liberdade espiritual, sobrepujamos todo o sentido de limitação. Por exemplo, não cessamos de usar o dinheiro, mas não nos preocupamos com ele. O dinheiro virá, e ainda que continuemos a usá-lo, não estaremos mais limitados ou aprisionados ao conceito de que dinheiro é um suprimento.

Enquanto pensarmos no dinheiro como suprimento, não demonstraremos liberdade espiritual no que se relaciona com o suprimento. Mesmo que nossa renda fosse dobrada, não nos regozijaríamos por ter feito uma demonstração, se ainda acreditarmos que dinheiro é suprimento! Dinheiro não é suprimento. Eu sou suprimento: a Consciência é suprimento. Esta Essência indefinível, chamada Espírito, que somos, é suprimento, e é onipresente, onipotente e onisciente.


A CONDUTA DE UM MÉTODO DE CURA

Desenvolvendo o seu método de cura, tenha o cuidado de não repetir presunçosamente declarações da verdade a seus pacientes, de não lhes dar bonitas citações da Escritura nem de escritos metafísicos, salvo se você próprio teve uma dimensão consciente dessa verdade. Lembre-se: é muito melhor não dizer coisa alguma a seus pacientes além de "Deixe isso comigo" ou "Eu o ajudarei", ou "Eu estarei com você" ou "Chame outra vez pela manhã" -- é muito melhor não lhes transmitir qualquer declaração da verdade, mas apenas a sua garantia de que, com o seu entendimento da presença de Deus, você está conscientemente com eles em prece e realização.

Quando sua consciência está imbuída no espírito da verdade -- não apenas na letra da verdade, mas do espírito da verdade -- ocorrerá a cura. Então você pode explicar a seus pacientes o que é a verdade, transmitindo-lhes declarações da verdade que você provou ou demonstrou, e que se tornaram parte de sua consciência. Eles, então, não apenas ficarão contentes por ouvir essas declarações, como também sentirão a sua verdade. Fazer a seus pacientes ou estudantes citações e declarações da verdade das quais você próprio não tem consciência, é como dar-lhes pedra quando eles pedem pão. Preferivelmente, faça-lhes uma declaração simples, uma que você já tenha demonstrado repetidamente e que, portanto, sabe que é verdadeira. A menos que você possa fazer isso, dê-lhes o silêncio que cura. Nada diga, mas sinta dentro de seu ser esse Cristo que cura.

Lembre-se disto: você não é chamado para curar uma pessoa; você não é chamado para eliminar uma moléstia terrível; você não é chamado para mudar a atividade de um corpo humano. Tudo o que você é chamado a fazer é compreender a natureza espiritual do Deus onipotente e a criação perfeita de Deus. Você é chamado para sentir uma presença vivente, para sentir esta Presença vivente no centro do seu ser.

Em cada caso para o qual você é chamado, o verdadeiro chamado é para a sua compreensão de Deus como a vida do homem, Deus como a mente, a alma, a lei, a substância e a causa. Declarar estas coisas, no entanto, não constitui uma cura espiritual. Você tem de senti-las; trata-se de uma verdadeira percepção espiritual dentro do seu próprio ser.

Não tente alcançar o seu paciente. Não tente transmitir o seu pensamento a um paciente. Esteja apenas certo de que dentro de seu próprio ser você sente a verdade, você sente a exatidão, você percebe o sentido espiritual de ser. Então o seu paciente corresponderá. Não leve o paciente para o seu pensamento -- não tome nota de seu nome, nem da natureza de sua moléstia, nem de qual é a sua aparência -- e, acima de tudo, jamais pense que você tem de transmitir ou de transferir algum pensamento para ele.

Não importa qual seja a alegação ou o problema. Quando o Cristo de você toca o Cristo do seu paciente, acontece a cura. Não tente curar humanamente pessoa alguma, seja mental ou fisicamente. Procure ficar calado no centro de seu ser e sinta o Cristo, sabendo que tudo isso está ocorrendo no Coração único, no coração de Deus, que é o seu coração. Você tem de sentir uma unidade consciente com Deus. Deus inclui tudo e, já que é assim, você e eu precisamos estar incluídos nesse ser-Deus, de modo que quando você é um com Deus, você é um comigo. "Minha união consciente com Deus constitui a minha unidade com você, e com cada ser espiritual, e com cada atividade de Deus que está incluída na minha vida". Todas estas são idéias divinas, cuja forma traduzimos em termos de nossas necessidades humanas.

Assim, como o seu corpo é um corpo espiritual em Deus, nem masculino, nem feminino, quando você está em contato com o seu Cristo, no centro do seu ser, que é o Cristo de cada indivíduo... quando ocorre o contato com o Cristo, há somente amor puro, Espírito puro. Entretanto, por causa do sentimento humano, as qualidades de Deus são interpretadas como masculinas e femininas, indiferentemente.

Da mesma maneira, a ideia de transporte pode ser traduzida num jumento, num avião, num bonde, ou num automóvel. Estes representam somente os conceitos humanos da idéia divina de transporte. A verdade sobre transportes é encontrada em uma palavra: instantaneidade -- Eu estou em todos os lugares -- aqui, lá, e em todos os lugares! Esta é a verdade a respeito do transporte espiritual. É por isso que é tão fácil a um clínico de São Francisco curar alguém na China como curar alguém que esteja fisicamente presente.


A PERCEPÇÃO DE DEUS É NECESSÁRIA

No livro "O Caminho Infinito" há um capítulo sobre 'Meditação' que delineia um curso sobre o que poderia ser chamado de preparação espiritual. A primeira parte dessa preparação é a prática de despertar pela manhã na compreensão consciente de sua unidade com Deus. "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam". Se você não trouxer conscientemente Deus para sua experiência em seu primeiro momento de vigília, você pode ter perdido a oportunidade de ter Deus com você em cada ocasião durante todo o dia.

Talvez, à medida que você lê isto, possa pensar: "Ó, Deus é onipresente; Deus está sempre comigo!". Não acredite nisso, porque não é absolutamente verdade! Este é um daqueles clichês, uma daquelas citações!

É verdade que Deus é onipresente. É verdade que Deus está exatamente onde você está. Mas se é verdade que Deus é onipresente, então deve ter estado presente quando todos os rapazes foram mortos na frente de batalha, ou quando os antigos cristãos foram atirados aos leões, ou quando nas últimas décadas milhares de pessoas inocentes foram massacradas em campos de concentração. O que Deus estava fazendo enquanto aconteciam esses horrores? Ele estava lá? Então, por que Ele não estava ajudando? Certamente Deus estava lá, mas Deus não é uma pessoa e Deus não pode olhar você aqui embaixo e dizer que sente o sofrimento que você está suportando. Deus está onipresente nos hospitais, nas prisões, na frente de batalha. Deus é onipresente! Mas de que isso serve para alguém? De que serve isso para você? Somente isto: Deus está disponível em cada caso, na medida da sua percepção consciente da presença de Deus.

Deus está presente! Sem dúvida. A eletricidade estava presente através das eras quando as pessoas estavam usando óleo de baleia e querosene. Mas que benefício a eletricidade representava para elas? Nenhum, porque não havia compreensão consciente da presença da eletricidade.

Jesus também poderia estar viajando ao redor da Terra Santa em um aeroplano. E o que dizer dos hebreus em sua longa caminhada cruzando os areais? Hoje isso leva quarenta minutos! As leis da aerodinâmica estavam presentes e a seu dispor, mas não havia percepção consciente delas, embora essas leis pudessem ter sido implementadas se houvesse qualquer conhecimento de sua existência.

A eletricidade está presente hoje como sempre esteve, mas agora, por causa de uma percepção consciente de suas leis, ela nos dá calor, luz e força. Deus está presente aqui e agora, mas é preciso haver uma percepção e compreensão conscientes -- na realidade, mais do que isso; um sentimento consciente da presença de Deus para que você possa recorrer a essa Presença e Poder. Conversa lisonjeira, citações e clichês metafísicos não devem ser confundidos com essa percepção e compreensão conscientes, através das quais Deus se torna uma realidade vivente para você. Concordar com os clichês metafísicos é tão inútil quanto seria para alguém que, vivendo nos tempos antigos, dissesse: "Você sabe, a eletricidade está disponível". Sim, é claro que estava -- se soubessem como fazer uso dela.

Essa conversa a respeito de Deus tem acontecido há milhares de anos, e ainda há muitas pessoas religiosas nas igrejas que estão falando sobre Deus e mesmo assim estão passando por todas as vicissitudes da experiência humana. Não é a conversa, no entanto, mas a compreensão consciente da presença de Deus que é o segredo do viver espiritual.

A respeito do desenvolvimento desse estado de consciência, há certas práticas que constituem passos ao longo do caminho. A mais importante delas é treinar a fim de realizar um esforço consciente para compreender a presença de Deus ao despertar pela manhã. Se você não pode sentir imediatamente a presença de Deus, pode pelo menos aprender a reconhecer a onipresença, a onipotência e a consciência de Deus; você pode, pelo menos, tentar compreender: "Assim como a onda é uma com o oceano, do mesmo modo eu sou um com Deus. Assim como o raio de sol é um com o Sol, do mesmo modo eu sou um com Deus."

Se você tomar um, dois ou três minutos para fazer isto perceberá, ao sair da cama e colocar os pés no chão, que está com uma disposição mental bem diferente. Quando você aprender a não sair da cama enquanto não estiver estabelecido sua unidade consciente com Deus, seu dia começará bem.

Quando acordo pela manhã, tenho o hábito de estabelecer esta compreensão consciente da presença de Deus. Considero essa a parte mais importante do meu trabalho diário, porque depois que fiz isso, não tenho muito a fazer durante o resto do dia, a não ser olhar sobre meus ombros e ver Deus trabalhando.

Por exemplo, quando você sai de casa de manhã, não passe pela porta sem compreender conscientemente que a Presença foi à sua frente e que a Presença permanece atrás de você para abençoar os que passam por aquele caminho. Não saia sem fazer isso conscientemente, porque o esforço consciente determina a sua revelação.

Da mesma maneira, quando você senta-se à mesa, não coma até que tenha pelo menos piscado seus olhos e dito silenciosamente: "Obrigado, Pai!". Isto não é dito em qualquer sentido ortodoxo de ação de graças. É um reconhecimento de Deus como a fonte do seu suprimento, um reconhecimento de que não foi o seu próprio esforço humano que lhe trouxe o alimento, e que por si só você nada pode fazer; o Pai dentro de você colocou esse alimento à sua frente.

Não há maneira de saltar do ser humano para ser um ente espiritual, mas pouco a pouco precisamos começar a espiritualizar nosso pensamento até que nos encontremos no reino do céu. Precisamos aprender que, não importa o que estejamos fazendo durante o dia, é somente por causa da presença de Deus que o estamos fazendo. Jesus disse: "Não posso por mim mesmo fazer coisa alguma... O Pai que está em mim é quem faz as obras" E Paulo disse: "Já não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim".

Você precisa ver que cada pedacinho de bem que você faz ou vivencia é o Cristo atuando dentro e através de você; é o Espírito de Deus ativando você. A atividade de cura é a atividade da Consciência divina, a atividade do Cristo do seu próprio ser, que ocorre dentro de você.


ENTENDIMENTO DA NATUREZA DE DEUS

Toda a nossa vida espiritual depende de nossa capacidade de compreender Deus e, a menos que compreendamos a onipresença e onipotência de Deus, não progrediremos nesta tarefa.

Através dos tempos, muitos nomes foram dados a Deus: Abraão conheceu Deus como Amigo. Nas antigas escrituras dos hindus, que remontam a milhares de anos e abrangem um pouco mais da primitiva literatura dada ao mundo sobre o assunto de Deus, este é mencionado como "Mãe" e às vezes como "Pai". O grande místico hindu moderno, Ramakrishna, conheceu Deus como a "Mãe Kali"; mas, freqüentemente, alguns termos como "Mestre", "Princípio", "Alma", "Luz", "Espírito", "Amor" e outros sinônimos bem-conhecidos de Deus também serão encontrados nas escrituras hindu. Entretanto, porque era da natureza dos hindus primitivos, assim como dos hebreus primitivos, personalizar, eles trouxeram Deus para mais perto de si da maneira que melhor entendiam -- como uma Mãe amorosa e, ocasionalmente, como um Pai.

No século XIX, as pessoas versadas em sânscrito traduziram muitos dos grandes clássicos hindus para o alemão e o inglês, de modo que pela primeira vez o ocidente teve a oportunidade de familiarizar-se com a terminologia hindu. O resultado foi que muitos dos seus conceitos à respeito de Deus se infiltraram na literatura do século XIX. O Termo "Pai-Mãe", como sinônimo de Deus, obteve ampla aceitação por sua incorporação ao ensino da Ciência Cristã de Mary Baker Eddy. Com a utilização do termo na literatura da Ciência Cristã, ele mais tarde foi incorporado em muitos outros ensinamentos metafísicos. E, assim, Deus tem sido conhecido como Mãe, algumas vezes como Pai e, também, como Pai-Mãe. Nenhum desses termos procurou indicar um gênero, nem significar que Deus era masculino ou feminino. Em vez disso, esses termos carinhosos conotam as qualidades suaves, amorosas e protetoras de uma mãe, e as qualidades severas, legisladoras, de proteção, de apoio e de defesa de um pai.

Por isso, quando Deus vem à sua consciência individual, Ele chega de uma maneira tão suave que você pode ainda usar o termo "Pai" ou "Mãe". Cada vez mais, no entanto, as pessoas estão começando a pensar em Deus como Luz e Vida; e, quando Deus é compreendido na consciência individual como Vida ou como Luz, não há sentido de masculino ou feminino, apenas um sentido de Deus como a vida universal que permeia a forma que você tem -- a vida que permeia a forma da árvore, do animal, da flor... uma vida impessoal mas, mesmo assim, vida.

Deus é Espírito, e Espírito é a substância e a essência da qual todas as coisas são formadas -- tudo o que está na Terra e no Céu, no ar, e na água. A criação espiritual é formada dessa indestrutível e indivisível Substância, ou Espírito, denominado Deus.


A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL REVELA A REALIDADE

Você pode, então, questionar: porque há coisas como árvores apodrecendo e vulcões entrando em erupção? Eles também são essência de Deus? Não; eles representam o nosso conceito daquilo que realmente está lá. No reino de Deus não há jamais uma árvore apodrecendo, nem existem forças destrutivas ou arrasadoras em ação. O místico alemão Jacob Boheme via a realidade através das árvores e da relva. Para todos os místicos é como se o mundo se abrisse e eles vissem o mundo como Deus o fez.

Deus é a substância e a realidade subjacentes a toda forma; mas o que vemos, ouvimos, degustamos, tocamos ou cheiramos é o produto da mente humana, do sentido mortal, material, finito. A soma total dos seres humanos no mundo, sob o que se chama lei material -- médica, teológica ou econômica -- estabeleceu esse sentido finito do universo que eles vêem, ouvem, degustam, tocam ou cheiram.

Nada é aquilo que parece ser. Todos nós poderíamos olhar para o mesmo objeto e cada um de nós poderia vê-lo diferentemente. Por que? Porque cada um de nós o interpreta à luz da educação, do ambiente e dos antecedentes de nossa experiência individual. Compreender que aquilo que vemos representa apenas o nosso conceito do que na realidade existe é importante, porque sobre este ponto criamos ou perdemos nossa consciência curativa. Deus criou tudo o que foi criado e tudo o que Ele criou é bom. Por isso, todo este mundo, quer visto como seres humanos, ou como animais e plantas, é Deus manifesto. Mas quando o vemos, não o vemos como é: vemos somente nosso conceito finito dele.

Isto é muito importante porque é nessa premissa que se baseia toda cura espiritual, e a falta de reconhecimento deste ponto responde por noventa e cinco por cento das falhas na cura espiritual. Muitos metafísicos estão procurando curar o corpo físico, e este não pode ser curado porque nada existe que um metafísico possa fazer a um corpo físico; mas quando ele muda seu conceito de corpo, este passa a corresponder àquele conceito mais elevado. Então o paciente diz: "Fui curado!". Ele não foi curado: ele era perfeito no começo. O que estava errado não se achava no corpo, mas em seu falso conceito de si mesmo e de seu corpo.

Se você compreender esta idéia, isto poderá poupá-lo de cometer o engano fatal na tentativa de curar alguém ou o corpo de alguém. Quando vejo o seu corpo através do sentido espiritual, considero você como Deus o fez, e você declarará que foi curado. A criação de Deus está intacta; está perfeita e harmoniosa, e essa criação perfeita e harmoniosa está bem aqui e agora. Porém, isso não pode ser visto com os olhos do corpo. Somente pode ser discernido através da visão espiritual, do sentido espiritual -- através da consciência espiritual, ou do que é chamado de consciência de Cristo.

Não tente reformar o mundo exterior. Quando você encontra roubalheira, embriaguez, ou qualquer outra forma de degradação, não olhe para essas coisas, mas através delas. Feche os olhos, ou então vire-se de costas. Olhe através do indivíduo, considerando com o seu sentido espiritual a realidade do ser dele, e você proporcionará o que o mundo chama de cura. Com o seu sentido espiritual interior, dado por Deus, olhe dentro do coração de cada homem e veja o Cristo, e lá você encontrará a mais maravilhosa força curativa que existe no mundo. Depois, deixe que o seu sentimento o guie. Procure obter o sentimento ou a sensação do Cristo presente bem no centro de cada ser, e quando você alcançar esse Cristo terá uma cura instantânea.

Para conseguir uma cura de pecado ou moléstia não se preocupe com o ser ou com o corpo humano. Recolha-se no silêncio interior: sinta a presença de Deus, o sentimento divino/interior, e então você não será tentado a pensar em pessoa alguma. Não é necessário pensar no nome da pessoa que recorreu a você em busca de auxílio, nem em sua forma nem em sua moléstia. A Inteligência onisciente sabe e, por isso, quando você percebe um sentimento de Alma que a empolga, terá testemunhado uma cura.


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