"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

domingo, março 12, 2017

O Dom Supremo - 3/7


O DOM SUPREMO
(Henry Drummond) 


1) O Amor é Paciência. 

Este é o comportamento normal do Amor: esperar com calma, sem pressa, sabendo que em determinado momento ele poderá se manifestar. Está pronto para fazer seu trabalho agora, mas aguarda com calma e mansidão a hora certa. O Amor é Paciente. Aguenta tudo. Acredita em tudo. Tudo espera. Porque o Amor é capaz de entender. 


2) O Amor é Bondade. 

Já repararam que Cristo utilizou grande parte de seu tempo no mundo sendo bom para os outros, deixando os outros contentes? Utilizou grande parte do pouco tempo que tinha na Terra para fazer feliz seus contemporâneos? Procure olhar por esse ângulo, e notará que, embora Cristo tivesse muito o que fazer, não se esqueceu de ser carinhoso para com o próximo. Existe apenas uma coisa mais importante que a felicidade: a santidade. Mas a santidade não está ao nosso alcance produzir, pois não podemos ser santos com as próprias mãos, já que é Deus quem produz em nós a santidade. Porém, está ao nosso alcance fazer os outros felizes. Deus colocou isso em nossas mãos, e não nos custa quase nada. Se olharmos com cuidado, verificaremos que não nos custa absolutamente nada. Mesmo assim, por que relutamos em alegrar nosso próximo? A felicidade não é um bem que se multiplica em cativeiro, nem é nada que diminui quando se dá. Ao contrário, somente semeando felicidade é que conseguimos aumentar nossa cota. “A coisa mais importante que podemos fazer por um pai”, disse alguém certa vez , “é ser amável com seus filhos”. Como o mundo precisa disso! E como é fácil ser amável. O efeito é imediato, e seu autor é lembrado para sempre. E a recompensa é abundante, pois não existe dívida mais honrada que a dívida do Amor. O amor nunca falha. O Amor é a verdadeira energia da Vida. 

Como diz Browning: “pois a Vida, com todos os seus momentos, de alegria e de tristeza, de esperança e de medo, é apenas a chance para aprender o Amor: como o Amor pode ser, como foi e como é.” Onde existe Amor, existe o ser humano, e existe Deus. Aquele que se alegra no Amor, se alegra com o ser humano e se alegra com Deus. Deus é Amor. Portanto: AME! Sem distinção, sem hora marcada, sem adiamentos, sem medo de sofrer: AME! Derrame generosamente seu amor sobre os pobres, o que é fácil; e sobre os ricos, que desconfiam de todos e não conseguem enxergar o Amor de que tanto necessitam; e sobre seus semelhantes, o que é muito difícil. É com nossos semelhantes que somos mais egoístas. Muitas vezes tentamos agradar, mas o que precisamos fazer é dar alegria. Dê alegria. Jamais perca uma oportunidade de dar alegria ao próximo, porque você será o primeiro a se beneficiar disso, mesmo que ninguém saiba o que você está fazendo. O mundo à sua volta ficará mais contente, e as coisas serão muito mais fáceis para você.

Eu estou neste mundo, vivendo o presente. Qualquer coisa boa que eu possa fazer, ou qualquer alegria que eu puder dar aos outros, por favor, digam-me. Não me deixem adiar ou esquecer, pois jamais tornarei a viver este momento novamente. 


3) O Amor é Generosidade. 

"O amor não arde em ciúmes". O Amor não inveja. "Arder em ciúmes" significa: amar competindo com o amor dos outros. Deixe que os outros amem. E procure amar mais ainda. Dê a sua parte, dê o melhor de si. Sempre que você quiser praticar uma boa ação, encontrará pessoas que fazem a mesma coisa, às vezes de uma maneira muito melhor que a sua. Não os inveje. A inveja é um sentimento dirigido àqueles que estão ao nosso lado, geralmente tentando destruir o que há de melhor nesta pessoa. A inveja é o sentimento mais desprezível que um homem pode ter. Está sempre esperando para arrasar o que os outros fazem, mesmo que seja o melhor para nós. E a única maneira de escapar à inveja é concentrando forças no Amor. Apenas uma coisa temos que invejar: a grande, rica e generosa alma daqueles que conhecem um Amor que “não arde em ciúmes”. 


4) O Amor é Humildade.

E então, depois de aprender tudo isso, temos que aprender mais uma coisa: humildade. Colocar um selo em nossos lábios, e esquecer nossa paciência, nossa bondade, nossa generosidade. Depois que o Amor penetrou em nossas vidas, e realizou seu belo trabalho, devemos ficar quietos e não dizer nada. O Amor se esconde, inclusive, de si mesmo. O Amor evita a auto-promoção. O Amor “não se ufana, nem se ensoberbece”. 


5) O Amor é Delicadeza.

O quinto ingrediente é algo que pode parecer estranho e inútil neste Arco-íris do Amor: delicadeza. Esse é o amor entre os homens, o amor na sociedade. Muitas pessoas costumam dizer que delicadeza é um sentimento supérfluo. Não é verdade: delicadeza é o Amor manifesto nas pequenas coisas. O Amor não consegue ser agressivo ou inconveniente, não consegue comportar-se de maneira errada. Você pode ser a pessoa mais tímida do mundo, mais despreparada para lidar com o próximo, mas, se tiver um reservatório de amor em seu coração, sempre agirá da maneira certa. 
                              
Carlyle dizia: “Robert Burns é mais nobre que toda a nobreza da Inglaterra, porque consegue amar tudo: o rato, a margarida, todas as coisas grandes e pequenas que Deus fez. Assim, com este passaporte, Burns podia conversar com qualquer pessoa, visitar palácios e dormir em cabanas.” Você sabe o que quer dizer "nobre". Significa alguém que age de maneira digna. Este é o mistério do Amor. Quem possui Amor em seu coração, não pode agir grosseiramente, ao passo que o falso nobre, aquele que é apenas esnobe, está preso a seus sentimentos rudes e mesquinhos, e não consegue amar. "O Amor não se conduz inconvenientemente". 


6) O Amor é Entrega.

O Amor não procura seus interesses, não busca a si mesmo. O Amor não busca sequer aquilo que é seu. Na Inglaterra, como em muitos outros países, os homens procuram lutar, e com toda razão, pelos seus direitos. Mas há momentos, momentos muito especiais, em que podemos inclusive abrir mão desses direitos. Paulo, porém, não nos exige isto. Porque ele sabe que o Amor é algo tão profundo que quem ama ignora qualquer recompensa. Ama-se porque o Amor é o Dom Supremo, e não porque ele nos dá algo em troca. Não é difícil abrir mão de nossos direitos. Afinal de contas, eles são coisas fora de nós, ligadas à nossa relação com a sociedade. O que é difícil é abrir mão de nós mesmos. Mais difícil ainda é não procurar alguma recompensa para nós mesmos quando amamos. Geralmente procuramos, compramos, conquistamos, merecemos, atingimos o melhor e podemos, num gesto nobre, abrir mão da recompensa. Mas eu falo de não buscar. Id opus est. Esta é a obra. 

O Amor basta a si mesmo. "Você procura grandes coisas em sua vida?", pergunta o profeta. "Não as procure." Por quê? “Porque não existe grandeza nas coisas.” As coisas não podem ser maiores do que elas mesmas. A única grandeza que existe é na entrega proporcionada pelo Amor. Sei que é muito difícil abrir mão de uma recompensa. Mas é muito mais difícil não buscar uma recompensa naquilo que fazemos. Não, não devo falar desta maneira. Na verdade, nada é difícil para o Amor. Acredito realmente que o fardo do Amor seja suave. O "fardo" é apenas Sua maneira de viver a vida. E, tenho certeza, é também a maneira mais fácil de viver. Porque o Amor que não busca recompensas é capaz de preencher cada minuto da existência com sua luz.

A lição mais presente em todos os ensinamentos espirituais nos diz: “não existe felicidade em ter e receber; apenas em dar”. Repito: não existe felicidade em ter e receber. Apenas em dar. Quase todo mundo, neste momento, está seguindo uma pista falsa para chegar até a casa da Felicidade. Pensa-se muito em ter e receber, em exibir, em conquistar, em ser servido um dia pelos outros. Isso é o que a maior parte das pessoas chama de realização. Realização, entretanto, é dar e servir. "Aquele que quiser ser maior entre todos vocês", disse Cristo, "que sirva a seu próximo". Quem quiser ser feliz deve colocar no Amor o seu encontro com a vida. O resto não tem importância.

Continua...

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