"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, abril 10, 2017

O Caminho para manifestar a Provisão Infinita - 4/6

- Masaharu Taniguchi -


A PARÁBOLA DO MENDIGO FILHO DE PAI RICO, DA SUTRA DO LÓTUS

Na Sutra do Lótus consta a chamada “parábola do mendigo filho de pai rico”. Consta-se que em certo lugar havia um homem muito rico. Seu filho unido fugira de casa quando pequeno e andava vagando de lá para cá imaginando-se um mendigo, ou seja, um filho da pobreza. Assim, esse filho acabou tornando-se um pobre vadio e, mal alimentado e vestido de trapos sujos, voltou á terra natal à procura da casa do seu pai. O pai ficara ainda mais rico e próspero e morava numa mansão imponente que parecia um palácio. Esse filho pobre parou diante dessa casa, mas, como ele acreditava que seu pai era pobre, mesmo vendo diante dos seus olhos a “casa do pai de provisão infinita”, não perceber que se tratava da casa do seu pai – isto é, a “fonte da provisão”. É exatamente igual a um pobre que, sem saber que Deus-Provedor Infinito é seu Pai, está à procura da “matéria finita” pensando que esta é a fonte (pai) da provisão infinita.

Então o filho pobre, pensando que mansão que tinha diante de si pertencesse a algum senhor poderoso, sem nenhum parentesco com ele, abriu de mansinho o portão e espiou: viu um senhor de aparência imponente (que na realidade era seu pai) sentado com ar grave, vestido de roupa vistosa. E ao lado estava sentado um súdito (que na realidade era o secretário), também vestido de roupa muito rica, comparada com a do mendigo. O filho mendigo pensou: “Que palácio magnífico! Deve ser de algum soberano. Se eu ficar espiando esse lugar, com roupa suja e rasgada, e for descoberto, poderão suspeitar de minhas intenções, serei repreendido pela falta de respeito e poderei receber dura pena”. E fugiu em disparada.

Se ele pudesse conscientizar-se claramente de que o senhor rico era o seu pai, ele se tornaria seu sucessor e receberia toda a riqueza. No entanto, devido à ilusão de não ter o direito de herdar tal riqueza, ele mesmo restringiu a riqueza que lhe cabia receber e, recusando-a, saiu fugindo. Todos os pobres são como esse mendigo: apesar de terem o direito de receberem a riqueza infinita, fogem dela.

Mas o pai milionário (que representa Deus, a fonte da provisão infinita), por seu turno, só de ver de relance, percebeu: “Aquele é o meu filho único, o herdeiro de toda a fortuna que possuo”. E mandou o secretário buscá-lo. Acontece que, quando o secretário foi ao seu encalço, o filho mendigo pensou: “Garanto que ele me descobriu espreitando o portão daquela mansão e veio me prender para me punir por falta de respeito”. E saiu correndo. “Se o deixar escapar, nem sei como me desculpar junto ao meu amo” – pensando assim, o secretário o seguiu correndo mais ainda. “Ai de mim se me prenderem” – o filho mendigo acelerou ainda mais os passos, mas, como andara vagando de lá para cá e certamente estava subnutrido, não conseguiu correr o bastante. No momento em que ia ser alcançado pelo secretário, desmaiou de medo.

Então o secretário voltou e relatou o ocorrido ao seu amo, que disse: “Pobre rapaz! Ele é meu único filho e na realidade possui o direito de herdar tudo eu possuo, mas não percebe isso e foge. Mas, mesmo que eu lhe diga agora, de repente, que ele é meu sucessor, não acreditará e, ao contrário, fugirá. Por isso, meu secretário, quero que você se disfarce de capataz, vá onde o meu filho está caído e, quando ele voltar a si, diga-lhe: ‘Se você não tem onde trabalhar, não quer trabalhar na minha turma como operador braçal?’, e empregue-o. E faça-o trabalhar assiduamente. Observando o seu trabalho, vá promovendo-o aos poucos, de subchefe dos operários para chefe das obras, e, quando chegar ao cargo de chefe de departamento de finanças, se lhe dissermos que ele é meu herdeiro já existirá conscientização mais profunda, e assim ele acreditará sem reserva”.

É dito que a Sutra do Lótus contém o ponto mais profundo da Verdade pregada pelo budismo. Sakyamuni mostrou através dessa parábola que o homem é filho de Deus, dotado de provisão infinita. Também na Bíblia há a parábola do filho pródigo, o qual é pobre apenas enquanto está longe do pai e anda vagando pelo mundo; mas, uma vez de volta à casa do pai, este o veste com roupa nova e põe-lhe no dedo o anel de outro, que é símbolo da provisão infinita.

Aquele que não considera Deus como fonte da provisão, ou que, mesmo considerando-o como tal, pensa que Deus é um pai avaro e pobre, é filho pródigo, é mendigo. Somente no momento em que damos a reviravolta na nossa mente e buscamos a fonte da provisão infinita no Ser infinito, Deus, é que se concretiza a riqueza infinita.

Porém, como a maioria das pessoas de bom coração acha que se receber a provisão infinita de Deus não conseguirá entrar no Céu e restringe sua riqueza fugindo dela, temos neste mundo a estranha cena na qual quanto mais bondosa, mais pobre é a pessoa, e somente os mais ousados entre os maus tornam-se ricos. Eu era assim. Quando jovem lera a frase “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”, e pensava: “Não importa quão pobre seja a minha vida fenomênica; o importante é o meu espírito ser salvo por Deus e ir para o Céu”. Acontece que, em consequência de tal pensamento, eu fui ficando cada vez mais pobre: usava sempre a mesma roupa presa com um cinto de corda, calçava chinelo feito de casca de bambu; um cesto quadrado de quinze centímetros de altura feito de salgueiro, contendo uma toalha e uma escova de dentes, constituía todos os meus bens, tal era o estado de pobreza a que eu havia chegado. Mais tarde eu me casei e, casando-me, precisava de dinheiro para as despesas de casa. Então escrevia alguma coisa e a mandava para uma editora para ser publicada. Mas todas as editoras que publicavam meus escritos abriam falência, e eu acabava não recebendo nem direitos autorais nem honorários. Refletindo agora, sei que era a minha mente vitimada pelo complexo de pobreza que, por meio de minha queda voluntária à pobreza, estava satisfazendo o desejo de “ser pobre para poder ir para o Céu”


CONSCIENTE – SUBSCONSCIENTE – SUPERCONSCIENTE

A nossa mente, segundo a psicologia, é formada pelo consciente, que é a parte superficial, que gera pensamentos do momento; pelo subconsciente, que é a parte mais profunda onde ficam acumulados os pensamentos profundos como se fosse uma gravação em disco; e pelo superconsciente, que se situa nas profundezas do subconsciente que seria a mente universal ligada a todo o Universo. O superconsciente é a mente que preenche todo o Universo, semelhante às ondas eletromagnéticas de uma emissora de rádio, e sabe perfeitamente onde e como acontecem os fatos. O subconsciente está ligado, na sua profundidade, ao superconsciente. Assim, se você grava no subconsciente o pensamento “Se eu não for pobre, não poderei ir para o Céu”, seu subconsciente comunica-se com a “consciência universal” que tudo sabe, informa-se sobre a editora a qual deve pedir a publicação para se tornar pobre, e ele vai dirgindo o seu consciente e sua ação no sentido de fazer com que justamente uma editora prestes a falir publique o seu livro.


O DESTINO DO HOMEM É DETERMINADO PELA DECISÃO DO INCONSCIENTE QUE AFLORA DE SÚBITO À MENTE

Ser uma pessoa bem ou malsucedida, pobre ou rica, depende em última análise da opção que a pessoa faz através de uma “ideia que surge de repente”. E de onde provém essa ideia que surge de repente? Na maioria dos casos, por mais que conscientemente haja argumentações, no íntimo uma força estranha, “incontrolável”, vai arrastando a pessoa, levando-a a uma decisão. Por isso, mesmo que conscientemente a pessoa esteja pensando “Quero muito dinheiro para a minha manutenção”, se no fundo do subconsciente estiver retida a ideia “Quem é rico não pode ir para o Céu; eu, como quero ir para o Céu, não posso ficar rico”, o subconsciente determina isso ao inconsciente (a ideia que surge de repente) dessa pessoa fá-la pobre, mesmo contrariando o desejo do consciente.

Por isso para se tornar tica é preciso que a pessoa leia frequentemente livros que contêm a Verdade, segundo a qual Deus é amor infinito e apraz-lhe prover os homens infinitamente, e assim eliminar o “complexo de pobreza” (pensamento errôneo de querer ser pobre) alojado até então no subconsciente e, em seu lugar, cultivar o pensamento: “Eu sou filho único de Deus que é possuidor da riqueza infinita”.

Conforme fui lendo a Sutra do Lótus já mencionada, a Bíblia, os livros de pensadores iluministas americanos, a ideia que eu mantinha até então de que “só o pobre consegue a salvação de Deus” foi aos poucos sendo expulsa do meu subconsciente. A ideia de que “enriquecendo, serei punido por Deus”, a qual me dominava, foi sendo substituída pela ideia de que “se eu não enriquecer, estarei sendo ingrato a Deus, pois assim não estarei concretizando a Vida ilimitada e magnificente”. Para tornar os homens ricos e fazê-los viver uma vida abundante, não há outro meio senão divulgar esse pensamento – foi objetivando isso que passei a publicar as obras da Seicho-No-Ie, destinadas a transmitir essa Verdade. Este foi o ponto de partida da Seicho-No-Ie, o movimento de divulgação da Verdade, que está por se propagar no mundo inteiro.


A CONSCIÊNCIA DO PECADO E A IDEIA DA EXPIAÇÃO LEVAM O HOMEM À DESGRAÇA

O que gera o espírito de exaltação à pobreza é a ideia do “pecado”. É concepção corrente entre os homens que o pecado só poderá ser resgatado através do sofrimento, e por causa dessa concepção o subconsciente da maioria das pessoas atrai a autopunição na forma de pobreza, doença, infelicidade, desgraça, etc.

Eu, quando jovem, era adepto da seita Oomoto, conforme relato em Memórias (volumes 19 e 20 da presente coleção), e trabalhava na redação da revista e do jornal dessa entidade religiosa. Atualmente, a seita Oomoto denomina-se Aizen-en, e consta que está se transformando em um ensinamento que prega a harmonia com as demais religiões, dizendo “Todas as religiões têm a mesma raiz”, o que na Seicho-No-Ie é dito desta maneira: “Todas as religiões retornam a uma única fonte”. Mas, naquela época, ela pregava a ameaçadora punição divina, extremamente rigorosa com os que não obedeciam a Deus, os pecadores etc., conforme podemos ver nas escrituras do fundador: “Eu vos exterminarei com terremotos, trovões e chuvas de fogo”. Além, disso, havia a profecia de que, no dia 5 de maio de 1922, através do juízo final, ocorreria uma catástrofe aniquiladora de pecadores, os quais seriam exterminados com terremotos, trovões e demais catástrofes, e sobreviria a era de Maitreya (segundo a crença budista, Maitreya é o bodisatva que virá a este mundo, atingirá a iluminação e pregará para salvar a humanidade). Eu, desejando remir o pecado a ponto de poder sobreviver ao juízo final, para o qual faltavam poucos anos, ora jejuava, ora praticava atos ascéticos na água e buscava voluntariamente a pobreza. Mas, através do jejum, ascetismo e pobreza, não senti o pecado desaparecer.

Afinal, o que se deve fazer para o pecado desaparecer? O que é pecado? Qual é a substância do pecado? Vendo-me diante do dia do juízo final, anunciado previamente com data exata pelo Deus da seita Oomoto, não pude deixar de pensar seriamente nessas questões. Finalmente, acabei negando o Deus da punição e atingi a Grande Verdade de que, porque Deus é Amor, é bem, é o todo de tudo, e porque Ele não cria o pecado, o pecado não existe. Como consequência disso, a ideia que eu possuía até então de que era preciso limitar-me e fazer sofrer a mim próprio para redimir o pecado foi retirada do meu subconsciente. Com isso, também a ideia de que, se não fosse pobre, não poderia ir ao Céu foi retirada da minha mente, e por fim eu saí para um mundo espaçoso. Concomitantemente, ao reeditar uma obra depois de quinze anos, a qual até então não tinha rendido um tostão sequer de direitos autorais nem de remuneração escrita, venderam-se centenas de milhares de exemplares, e realizou-se em mim a vida rica de provisão infinita.

Falando assim, tem-se a impressão de que a riqueza se realiza muito facilmente, mas isso foi somente a descoberta do poço da provisão da riqueza e o abrir do registro que impedia a sua passagem. Mesmo que abramos o registro, se o motor da bomba não for acionado a água encanada não fluirá; da mesma maneira, após compreendermos que Deus é a provisão infinita e retirarmos a sujeira que obstrui o cano, torna-se necessário ligar o motor.

(Do livro “A Verdade da Vida, vol. 8”, pp. 144-152)

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